O romance conta-se em poucas palavras, resumindo uma história de amor que é relatada pela própria Bugatti como suporte para a sua mais recente criação, um one-off do Chiron Super Sport inspirado no Type 57 SC. É este o “amor de perdição” de uma das clientes da marca francesa de hiperdesportivos que, aos 70 anos de idade, foi surpreendida pela prenda de aniversário do marido. Ele, tal como ela, “partilha a mesma paixão e dedicação pelos automóveis”, segundo a Bugatti, sendo proprietário de um modelo com o emblema da ferradura. Para surpreender a esposa, que desde os 50 anos tinha uma “fixação” pelo Type 57 SC, o marido mexeu os cordelinhos e a mulher, ao completar o seu 70.º aniversário, recebeu “um convite pessoal da Bugatti para ir a Molsheim, em França, configurar seu próprio Chiron Super Sport”.

Este hiperdesportivo tem tudo para agradar a senhoras. Primeiro, porque é simplesmente a declinação do Chiron mais potente, extraindo nada menos que 1600 cv (e 1600 km de binário) do motor de 8.0 W16 quadriturbo, pelo que anuncia um consumo de “apenas” 21,47 l/100 km. Segundo, porque é o herdeiro de uma dinastia de nove décadas de modelos Super Sport e honra a linhagem atingindo 440 km/h de velocidade máxima. Para se ter uma ideia, este Chiron vai de 0 a 400 km/h no tempo de… tirar uma bica (mais coisa, menos coisa). O sprint para o espresso demora apenas 28,6 segundos, com a passagem de caixa de sexta para sétima velocidade a ocorrer aos 420 km/h. Terceiro, porque este coupé de dois lugares tem um certo efeito “diamante”, ou não custasse cada exemplar cerca de 3 milhões de euros, antes dos detalhes de personalização.

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Neste caso, a customização foi extrema ou, como os franceses preferem chamar-lhe, sur mesure. Coube ao Michelangelo da Bugatti, o designer Jascha Straub, fazer de tudo para entregar à cliente um Bugatti que fizesse justiça a uma paixão alimentada durante duas décadas. E o preciosismo foi tal que Straub decidiu fazer as malas e ir-se embora. Não de vez, mas sim para regressar a Molsheim com a certeza de que tinha acertado na cor. Com umas amostras na bagagem, foi até Bilbau para ver ao vivo e a cores, no Museu Guggenheim, o original Type 57 SC Atlantic que aí estava exposto como peça central de uma exposição. E isso permitiu-lhe avaliar como é que as amostras preparadas para a pintura se comportavam em diferentes condições de luz…

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Não é apenas a cor que diferencia este Super Sport “57 OneofOne”. Homenagear o Type 57 SC Atlantic de que foram produzidas apenas quatro unidades entre 1936 e 1938 – três continuam no activo e são dos carros mais valiosos do mundo – levou ainda a equipa de artesãos da Bugatti a ter uma especial atenção à grelha, que se apresenta como uma interpretação mais moderna, mas fiel ao icónico coupé do século passado, com linhas verticais polidas e uma coluna central mais espessa. O construtor francês, agora controlado pelos croatas da Rimac, imprimiu ainda um detalhe distinto na base da asa traseira. Imprimiu não será o melhor termo pois, na realidade, o que se vê na parte inferior desse apêndice aerodinâmico é o desenho à mão da silhueta do Type 57 SC Atlantic e a inscrição que atesta a singularidade do veículo (“57 One of One”).

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O interior exibe o mesmo registo de exclusividade, com a silhueta do original a ser bordada à mão nos painéis das portas, enquanto a consola central atesta que este Super Sport foi feito à medida, com uma placa personalizada a certificar o one-off. E como o solo não é o limite da personalização, as soleiras das portas são “assinadas” por Jean Bugatti e Rembrandt. Mas como a descrição corre o risco de não fazer justiça à mais recente obra-prima da Bugatti, o melhor mesmo é ver os (esmerados) detalhes nas galerias.