Cada semana que passa, cada acusação nova que aparece. Depois de toda a polémica gerada a partir do beijo não consentido à jogadora Jenni Hermoso no palco da atribuição das medalhas às novas campeãs mundiais, com tudo o que levou a que saísse da liderança da Real Federação Espanhola de Futebol e da vice-presidência da UEFA, Luis Rubiales ficou a saber também através da FIFA (que o suspendeu de qualquer cargo ligado ao futebol por três anos) que foi acusado pela líder da Federação Inglesa de comportamento “desagradável e desnecessariamente agressivo” também com jogadoras inglesas no mesmo local, fazendo alusão sobretudo a “um beijo à força na cara” de Lucy Bronze já depois de “ter acariciado o rosto de Laura Coombs”.

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Numa primeira reação, o antigo dirigente espanhol referiu que a descrição de Debbie Hewitt fez do próprio “uma espécie de cretino” e mostrou-se “absolutamente enojado” com essas acusações que tinham sido feitas. Agora, Rubiales voltou a falar em termos públicos para, numa entrevista ao canal de Youtube de Alvise Pérez, recuperar toda a polémica depois da final do Mundial com acusações que apontaram a vários alvos.

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“O meu caso, durante dois ou três meses, pode ser explicado para justificar que se falasse pouco de outras coisas que se estavam a passar e que eram bem mais importantes”, apontou Luis Rubiales, falando sobre as negociações para a amnistia que estavam a ser feitas entre o PSOE e os independentistas ligados à tentativa de autodeterminação da Catalunha. “Para mim, isso foi um golpe na separação de poderes. Um estado democrático tem como principal base a separação de poderes e não se pode permitir a estes luxos de inverter isso perante um determinado presidente indo contra o seu próprio país. Todos os espanhóis lamentam essa posição, muitos dos que votam à esquerda não entendem isso”, acrescentou, falando numa “cortina de fumo”.

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“Ficámos completamente isolados por uma chantagem que sofri por parte de determinadas jogadoras, que me disseram para que deixasse cair o Jorge Vilda [antigo selecionador]. Quem diz que nunca pediram a cabeça do Vilda… Pediram-me diretamente numa conversa, queriam a sua cabeça e como eu não dei, e como fomos campeões mundiais, viram o céu aberto perante uma oportunidade e pensaram que podiam fazer tudo para fazer cair o Vilda e o Rubiales. Há pessoas que são más, outras que são cobardes e outras a quem não se pode exigir nada porque estão lá há pouco tempo. Quando dizem que foram feitas alterações estruturais, digam elas [jogadoras] ou algum político, estão a mentir”, apontou ainda o ex-líder da RFEF, voltando a acusar a principal protagonista do caso, Jenni Hermoso, de ter mentido em todo o processo.

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“A demagogia está a ganhar o dia. Por exemplo, na questão da igualdade. Temos de trabalhar para que mais mulheres tenham acesso aos cargos? Sim, mas não havia nenhuma mulher vice-presidente da RFEF até à minha chegada. Temos de trabalhar para que aqueles que maltratam sejam condenados? Sim, mas também para que as falsas denúncias não voltem a acontecer. A igualdade não significa que a voz de uma mulher valha mais do que a de um homem, nem o contrário”, salientou Rubiales.

“O beijo foi consentido. Perguntei-lhe e disse-me ‘vale’. Mas os meios de comunicação social tinham uma ordem que era dizer que não tinha sido consentido”, reiterou, recordando também que, na viagem de regresso a Espanha desde a Austrália, após a conquista do Campeonato do Mundo feminino, terá recebido o apoio de alguns políticos como Borja Sémper, do PP, e Víctor Francos, secretário de Estado para o Desporto.