Uma pasta que continha perto de três mil páginas de informações alegadamente confidenciais recolhidas pelos Estados Unidos e pela NATO sobre a Rússia terá desaparecido nos últimos dias da presidência de Donald Trump, avançou a imprensa norte-americana. Nela constavam informações relacionadas com uma investigação aos esforços russos para interferir nas eleições norte-americanas de 2016.

Duas fontes com conhecimento do caso revelaram ao New York Times que a pasta era conhecida pelo nome “Crossfire Hurricane”, o nome de código dado à investigação iniciada em 2016 pelo FBI às ligações entre a campanha presidencial de Trump e a Rússia. A informação era tão “sensível” que os legisladores e assessores do Congresso com autorizações de segurança só podiam ter acesso ao material na sede da CIA, em Langley, Virgínia, relata a CNN.

Segundo a imprensa norte-americana, a pasta foi levada de “um cofre dentro de um cofre” das instalações da CIA e terá sido vista pela última vez na Casa Branca. A transferência aconteceu por ordem de Trump para que as informações que continha fossem tornadas públicas.

A pasta contém materiais relacionados com a origem e as primeiras fases da investigação sobre a Rússia e que foram recolhidos por responsáveis da administração de Trump. Estavam incluídas cópias de pedidos de mandatos de vigilância do FBI para escutar um ex-conselheiro da campanha de Trump, bem como mensagens entre dois agentes desta força envolvidos na investigação e que expressaram animosidade em relação a Trump.

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A “substância” do material não é considerada particularmente sensível, segundo disseram várias fontes ao New York Times. Uma versão rasurada acabou mesmo por ser tornada pública sob o Freedom of Information Act e foi publicada na página do FBI. Enquanto a pasta original teria cerca de 2.700 páginas, a versão pública tem menos de 600 páginas, muitas delas rasuradas.

O problema não está naquilo que foi tornado público, mas, segundo os serviço de informação norte-americanos, no facto de a versão em bruto da pasta que desapareceu conter detalhes sobre as fontes e os métodos da investigação.

A CNN refere que na verdade foram produzidas várias cópias da pasta nas últimas horas da administração de Trump, com o objetivo de serem distribuídas pelos republicanos no Congresso e por jornalistas ligados à extrema-direita. No entanto, não se sabe o número específico, onde se encontram ou como é que o governo sabe que desapareceu.

Uma fonte próxima de Trump revelou ao New York Times que o ex-Presidente estava muito interessado naquela pasta e que mesmo depois de deixar a Casa Branca pretendia tornar pública a restante informação. Esta pasta não consta, segundo a CNN, entre o material confidencial recuperado na sua mansão em Mar-a-Lago.

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