Negligência ou falha técnica? A investigação para averiguar as causas da colisão entre o Airbus A350 da Japan Airlines (JAL), com quase 400 pessoas a bordo, e um avião da Guarda Costeira, que matou cinco dos seus seis tripulantes — o comandante sobreviveu com ferimentos graves —, ainda está longe de chegar a uma conclusão.

No entanto, as autoridades japonesas divulgaram esta quarta-feira as transcrições da torre de controlo de tráfego aéreo do aeroporto de Haneda, onde ocorreu a colisão entre o Airbus A350, que transportava 379 pessoas que saíram em segurança do  avião que esteve a arder durante seis horas, e a aeronave De Havilland Dash-8 da Guarda Costeira, que ia levar ajuda ao grande sismo ocorrido no dia 1 no Japão e que fez mais de 60 mortos.

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Segundo a Reuters, as transcrições parecem indicar que o avião comercial foi autorizado a aterrar, enquanto que ao da Guarda Costeira terá sido pedido que se dirigisse para um ponto de espera perto da pista. Um funcionário do departamento de aviação civil do Japão disse que não havia indicações nas transcrições de que a avioneta tivesse recebido autorização para descolar, continua a agência de notícias.

Versão diferente é a avançada por um funcionário da Guarda Costeira ao referir que o piloto do avião mais pequeno afirmou que entrou na pista após ter recebido permissão. Porém, a mesma fonte admite que não há qualquer prova dessa autorização nas transcrições divulgadas.

Já a JAL diz, em comunicado, que, “de acordo com as entrevistas feitas à tripulação operacional, esta reconheceu e repetiu a autorização de aterragem do controlo de tráfego aéreo e, em seguida, prosseguiu com os procedimentos de aproximação e aterragem”.

O ministro dos Transportes, Tetsuo Saito, garante que “o Ministério está a apresentar material objetivo e irá cooperar plenamente com a investigação para garantir que trabalham em conjunto para tomar todas as medidas de segurança possíveis para evitar que o caso se repita”.

Entretanto, o Conselho de Segurança de Transporte do Japão  — que está a conduzir as investigações — anunciou já ter encontrado a caixa negra do avião da Guarda Costeira do Japão, mas ainda não a do Airbus A350.

Também a polícia de Tóquio, segundo meios de comunicação social japoneses, está a investigar se houve negligência profissional, tendo até criado uma unidade especial para entrevistar os envolvidos.

“Há uma forte possibilidade de ter havido um erro humano”, disse o analista de aviação Hiroyuki Kobayashi, antigo piloto da JAL. “Os acidentes aéreos raramente ocorrem devido a um único problema, por isso penso que desta vez também houve dois ou três problemas que levaram ao acidente“.

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As autoridades estão também a analisar os destroços carbonizados dos aviões e a pista onde ocorreu a colisão.