Já tinham sido muitos e muitos milhões investidos, incluindo o recorde das duas maiores transferências de sempre no futebol mundial com 223 milhões de euros pagos por Neymar e mais 180 milhões de euros dados por Kylian Mbappé, o resultado continuava a ser o mesmo. Ou melhor, não havia sequer “o” resultado. Na primeira temporada que acabou à porta fechada pela pandemia, que teve uma Final Eight realizada na Luz, esse objetivo esteve apenas à distância de 90 minutos mas o Bayern levou a melhor e o PSG continuou sem ter qualquer Liga dos Campeões no seu currículo. Era complicado pensar no que faltaria mas a imaginação fez com que os parisienses acreditassem na possibilidade de um final menos feliz entre Messi e o Barcelona para resgatar o argentino a “custo zero”. Na verdade, foi tudo menos “custo zero”. E a vários níveis.

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Prémios de assinatura e ordenados à parte, Lionel Messi foi beneficiando de uma série de regalias para que tivesse todas as condições para ajudar a equipa a quebrar essa espécie de maldição na Liga milionária. Houve notícias de períodos de folgas ou férias um pouco mais longos do que o restante plantel e um episódio em específico que provocou divisões no balneário, quando o avançado alugou uma discoteca em Paris para fazer a festa da conquista da sétima Bola de Ouro da carreira, convidou alguns dos companheiros do plantel mas no dia seguinte, falhou o treino matinal tal como Paredes por “alguns sintomas gastrointestinais” (sendo que todos os outros que estiveram à noite no espaço marcaram presença depois no treino). Todavia, a história desse troféu estava longe de ficar contada e já chegou agora aos próprios tribunais franceses.

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Ausências não autorizadas, festas sem permissão, conflitos pelas regalias, tensões entre jogadores: o retrato do balneário do PSG

Segundo o Le Monde, existe uma investigação em curso que coloca a suspeita de que o PSG terá tentado fazer uma espécie de lobby para que o número 10 ganhasse essa Bola de Ouro (como veio a acontecer, num ano em que Robert Lewandowski, até por não ter havido atribuição do galardão em 2020 devido à pandemia, era apontado ao triunfo). A investigação acompanha uma série de regalias que foram concedidas a Pascal Ferré, antigo editor-chefe da France Football que estava responsável pela atribuição do troféu, durante os anos de 2020 e 2021 por parte de Jean-Martial Ribes, diretor de comunicação da formação parisiense.

Entre essas benesses estavam bilhetes VIP para os jogos que se disputavam no Parque dos Príncipes, viagens na Qatar Airways (principal patrocinadora do clube) e demais benefícios que estão agora a ser analisados à luz de uma alegada tentativa de influenciar os resultados para o prémio de Melhor Jogador do Ano.

A publicação explica também que esta nova linha de investigação judicial aberta pelo Ministério Público nasce de um outro processo maior que envolve o PSG e o seu presidente, Nasser Al-Khelaïfi. Neste caso, Ribes é acusado de “solicitar e obter bilhetes para jogos do PSG para jornalistas, políticos, membros de gabinetes ministeriais ou da presidência ou artistas”, segundo um relatório da Inspeção-Geral da Polícia Nacional de novembro apresentado agora pelo Le Monde. Dentro de todos esses nomes, Pascal Ferré foi um dos alvos, com as autoridades a tentarem perceber as ligações que tinha a Ferré e ao próprio Al-Khelaïfi.

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“A Bola de Ouro é atribuída após votação de um júri composto por 100 jornalistas, de 100 países diferentes, o que protege de qualquer tentativa de influência e garante a probidade e a independência deste prémio”, comentou Lionel Dangoumau, atual diretor editorial do L’Équipe e da France Football. De recordar que, em relação a 2021, Lionel Messi ganhou a sua sétima Bola de Ouro com um total de 613 pontos, mais 33 do que Lewandowski. Jorginho ficou em terceiro com 460, ao passo que Cristiano Ronaldo acabou em sexto.