A Kings League parece ter perdido alguma da força que conseguiu no seu apogeu mas nem por isso deixa de ser um fenómeno assinalável em Espanha tendo em conta tudo o que envolve. Mais uma vez, entre dúvidas e renitências sobre o projeto, Gerard Piqué foi um dos principais impulsionadores de uma nova ideia, tentou fazer com que vingasse com personalidades também fora do universo do futebol e consolidou uma marca que a nível de audiências chegou a ameaçar os próprios encontros da La Liga. O antigo central do Barcelona não é propriamente a figura mais unânime em Espanha por diversas razões mas, onde aposta, costuma conseguir resultados. Pelo menos, até agora. E a barra de dificuldades está prestes a aumentar aos 36 anos.

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“É um novo ano e depois de ponderar, decidi voltar ao futebol. Sinto falta dele. Mas desta vez não será como jogador. Será como treinador. Darei mais detalhes no final da semana”, garantiu o ex-internacional, sem revelar mais pormenores sobre este súbito interesse em voltar depois de deixar os relvados no decorrer da temporada de 2022/23, fazendo a última partida oficial pelo “seu” Barcelona em novembro de 2022.

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Daí para cá, polémicas do foro pessoal à parte na sequência do divórcio com a cantora Shakira, as coisas não têm corrido da melhor forma ao ex-jogador espanhol a vários níveis, salvaguardando o impacto alcançado com a Kings League em Espanha. Um exemplo prático: apesar de ter fechado o ano de 2023 com capitais próprios positivos de 41 milhões de euros, a Kerald Holding, uma das empresas do grupo Kosmos que lidera, terminou com um prejuízo de quase 24 milhões, fruto da “desvalorização e resultado por alienações de instrumentos financeiros”, conforme explicado no Relatório e Contas consolidado da empresa.

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Antes, no início do ano, outra das grandes apostas de Piqué acabou por cair. Após fazer um acordo de 25 anos com a Federação Internacional de Ténis para que a sua empresa pudesse organizar a Taça Davis, falando-se de um investimento total ao longo desse quarto de século de três mil milhões de dólares para revitalizar uma prova que foi perdendo força no calendário, o contrato foi revogado apenas cinco anos depois. Da parte da Federação Internacional de Ténis, houve uma enorme diferença entre o que tinha sido falado e aquilo que na verdade foi feito; do lado das Kosmos, o retorno gerado ficou sempre aquém do esperado. Assim, ambas as partes optaram pela separação, sendo que a empresa passou a representar alguns tenistas.

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Já na presente temporada, também o Andorra está a dor mais dores de cabeça do que se poderia pensar a Gerard Piqué, depois de um início de “aventura” marcado pelas subidas de divisão. “Investimos mais de quatro milhões de euros na melhoria do Estádio Nacional para que a Liga nos deixe jogar e agora vocês expulsam-nos. Não há instalações desportivas em Andorra com condições para podermos competir no próximo ano. Não temos outra solução senão sair e mudar o nome do clube. Parabéns! Vocês deixaram Andorra sem futebol profissional”, ameaçou o líder do clube, depois da decisão do governo de Andorra em impedir a utilização do Estádio Nacional pela equipa, num processo que aguarda ainda desenvolvimentos.

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Formado no Barcelona antes de rumar ao Manchester United com 18 anos, Gerard Piqué esteve três anos em Inglaterra mais um por empréstimo no Saragoça antes de regressar à Catalunha até ao final da carreira. Ao todo, o antigo central, segundo defesa com mais golos na Liga dos Campeões apenas atrás de Sergio Ramos, ganhou nove Campeonatos, sete Taças do Rei, seis Supertaças, três Champions, três Mundiais de Clubes e duas Supertaças Europeias, além de ter sido campeão europeu e mundial pela Espanha.

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