A antiga secretária de Estado do Turismo Rita Marques vai presidir à Fundação Livraria Lello, apresentada hoje no 118.º aniversário da livraria e que, com um orçamento de 500 mil euros, pretende capacitar “as pessoas a ler o mundo”. Em comunicado, a Livraria Lello avança que Rita Marques, que é também consultora e docente na Porto Business School, vai presidir a Fundação Livraria Lello.

A ex-secretária de Estado deixou, em 2 de dezembro de 2022, o Governo socialista por decisão do ministro da Economia, Costa e Silva. Foi pouco depois anunciada para a administração no grupo The Fladgate Partnership, que detém a empresa Wow, com responsabilidades na divisão de hotéis e turismo. Mas acabou por recuar depois da polémica causada por ter reconfirmado o estatuto de utilidade pública dado ao Wow, enquanto governante.

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Já em dezembro e durante uma intervenção no congresso da associação das agências de viagens no Porto, a ex-secretária de Estado admitia abraçar outros projetos empresariais depois de ultrapassado o chamado “período de nojo”, referindo à lei das incompatibilidades de cargos públicos que limita a contratação de ex-governantes para empresas que foram beneficiadas por decisões enquanto estavam em funções.

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“A vontade desta fundação é alargar o espetro a novos públicos, incentivando a participação cívica na construção de uma sociedade mais equilibrada e mais próspera”, afirma, citada no comunicado, Rita Marques. A fundação, apresentada no âmbito do 118.º aniversário da Livraria Lello, terá no conselho de curadores a vice-reitora da Universidade do Porto, Fátima Vieira, o cardeal de Setúbal, Américo Aguiar, e o ex-presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo.

Com um orçamento de 500 mil euros, a Fundação Livraria Lello terá a “ousada missão de capacitar as pessoas a lerem o mundo, promovendo a leitura como uma alavanca à prosperidade social”.

Assumindo como prioridades a promoção do livro e do conhecimento, a fundação “assume como primeiros grandes desafios” a abertura, em junho, do Mosteiro de Leça do Balio, em Matosinhos, fruto de um investimento de cerca de dois milhões de euros na primeira fase do projeto de requalificação.

O objetivo é transformar o mosteiro, que está classificado como Monumento Nacional desde junho de 1910 e representa a primeira sede da Ordem do Hospital em Portugal, “num gravitas cultural, com exposições, conferências e eventos diversos”.

A par do mosteiro, a fundação pretende desenvolver um itinerário cultural ao longo dos Caminhos Portugueses de Santiago, estando prevista a promoção de várias residências artísticas, incluindo um encontro internacional de estudantes de arquitetura “para abordar desafios ambientais e urbanos ao longo da costa”.

Simultaneamente, está previsto um projeto com jovens em risco de exclusão, “utilizando a arte como meio para uma jornada espiritual e pessoal e, por essa, dirimir o insucesso e abandono escolar”. Estes projetos vão implicar um investimento de 200 mil euros.