O feitiço virou-se mesmo contra o feiticeiro. Até à última final da Taça da Liga, Rúben Amorim, que como jogador tinha conquistado seis vezes o troféu, era quase um Midas enquanto treinador na competição com três vitórias consecutivas. Depois, em 2023, chegou a derrota na decisão com o FC Porto. Pela primeira vez o técnico perdia uma partida na prova. Agora, o segundo desaire veio frente ao Sp. Braga. E os minhotos, que em cinco encontros tinham ganho apenas uma vez aos leões com Amorim no comando em 2020 (dois meses antes de rumar a Alvalade), conseguiram o apuramento para a final contra Benfica ou Estoril.

Zalazar e a ditadura que é essa coisa da eficácia (a crónica do Sp. Braga-Sporting)

Pela primeira vez, o Sporting ficou em branco em 30 encontros feitos esta época entre Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga e Liga Europa. Foi aí que entroncou o grande problema da formação verde e branca em Leiria, que só na primeira parte acertou três vezes nos postes. Com essa quarta derrota registada na temporada, os leões perderam também o primeiro troféu e Amorim falhou pela primeira vez uma final.

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“É o futebol. Foram duas equipas com estratégias diferentes ganhou o Sp. Braga porque não fizemos golos, simplesmente isso. Estavam à espera de um erro nosso e na única oportunidade fizeram golo. Se a equipa depois do golo perdeu esclarecimento? Também mas não só, culpa um pouco minha que mexi logo sem dar tempo para assentar. Se calhar devia ter deixado mas já tinha na cabeça acelerar. O demérito dessa pequena parte foi do treinador”, comentou no final da partida o técnico verde e branco à SportTV.

“Se estou arrependido com a saída do Coates? Agora sim, mas estávamos tão bem no jogo, com dois avançados na frente e com o Trincão, íamos pressionar homem a homem na frente. O Abel Ruíz entrou e estavam todos muito frescos contra a nossa linha defensiva, o jogador que não tem tanta velocidade é o Seba e pensei em pressionar muito na frente e ter três jogadores rápidos para ir atrás da bola. Às vezes funciona, noutras não”, explicou ainda, a propósito da troca do uruguaio por Matheus Reis após o golo.

“Se pode afetar o resto da época? Depende do que fizermos, acho que não. Vimos uma equipa com grande identidade. Tem de causar mossa porque queremos ganhar todos os títulos. Depende agora da nossa atitude contra o Casa Pia. O que há a melhorar? A finalização. E é o futebol, acredito que o fator sorte existe e tem impacto grande no desenrolar de jogos e títulos. Fomos a melhor equipa, mas ganhou o Sp. Braga”, concluiu Rúben Amorim, voltando a falar na falta de eficácia que acabou por marcar a exibição leonina.

“Tínhamos de ter feito golos, nas oportunidades que tivemos e nas que não concedemos. Tivemos domínio, equipas com estratégias diferentes. O Sp. Braga foi mais feliz, parabéns a eles, temos de olhar para as competições que faltam. Não considero que defesa não estivesse bem. Estávamos homem para homem atrás, houve um cruzamento ao primeiro poste, grande cabeceamento e golo. Tivemos ‘ene’ oportunidades, só podemos queixar-nos de nós próprios. Fizemos um grande jogo, que amanhã não vale nada. Como treinador tenho de olhar a isso e aos pormenores para melhorar. A estratégia é a mesma. Vimos de uma época sem ganhar títulos, esta é obrigatório ganhá-los. Não vou tirar uma palavra ao que disse. Vamos lutar, é obrigatório ganhar títulos, se não ganhar alguém pode sofrer consequências”, disse depois na SIC.

“Falta de estofo? O estofo vamos ver no fim. Simplesmente, olho para os jogos e não consigo ver um jogo em que não fomos melhor e que merecíamos perder tirando a Atalanta, na primeira parte. O que interessa é o resultado,mas quando olho para a equipa vejo uma equipa com estofo. Esteve perdida em cinco minutos, perdemos um bocadinho o domínio, mas em nenhuma fase do jogo podemos considerar que o Sp. Braga esteve melhor e isso é um facto. Financeiramente, o Sporting está bem orientado. A minha parte não é financeira, neste momento não tenho qualquer tipo de problemas desses. Estamos desesperados porque somos um clube grande e queremos muito vencer”, apontou mais tarde Amorim na conferência de imprensa.