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Um Di María a passo vale como motas e bicicletas (a crónica do Estrela-Benfica)

Após sustos iniciais por erros de Otamendi, Benfica goleou na Amadora com Arthur como MVP, Rafa a fazer a reviravolta e um Ángel a quem chamam Di Magia que vê à frente com olhos no pé esquerdo (1-4).

Ángel Di María esteve nos três primeiros golos do Benfica e, não sendo o MVP da partida, mostrou a classe que ainda tem aos 35 anos
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Ángel Di María esteve nos três primeiros golos do Benfica e, não sendo o MVP da partida, mostrou a classe que ainda tem aos 35 anos

Ángel Di María esteve nos três primeiros golos do Benfica e, não sendo o MVP da partida, mostrou a classe que ainda tem aos 35 anos

O momento era o melhor da temporada, o contexto também jogava a favor, o fator histórico dava uma ajuda pelo meio. Numa espécie de mini Luz criada no Municipal de Leiria, o Benfica defrontava o Estoril com essa possibilidade de ouro de regressar à final da Taça da Liga e poder ganhar o troféu que lhe fugia há oito anos. No final, sobrou a desilusão. O desempate por grandes penalidades pode deixar qualquer decisão mais em aberto e aquele remate ao poste de Ángel Di María no sexto e último minuto de descontos fica como última imagem das tentativas encarnadas para a reviravolta mas a eliminação do conjunto de Roger Schmidt ficou longe de resumir-se apenas a isso. Por exemplo, sendo verdade que a reação ao golo sofrido foi a melhor, a equipa como que “adormeceu” o seu ímpeto de chegar ao golo após o 1-1, deixando que os minutos fossem passando como se tudo se resolvesse de forma natural mas sem procurar resolver o jogo. No entanto, e à luz de uma pergunta sobre a titularidade de Musa, o técnico germânico quis sair em defesa da equipa.

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“Tomo as minhas decisões tendo em conta várias coisas. Quando penso no onze, as coisas importantes são a forma do jogador, como jogou no último encontro, a prestação no treino e procurar o melhor equilíbrio para a equipa. Há muitos fatores. Acho que as decisões no último jogo foram muito boas, dominámos o jogo e demos só um remate ao adversário. Criámos muitas oportunidades. Estou muito feliz com o que fizemos porque sei como é o futebol, a melhor maneira de ganhar jogos é criar muitas oportunidades e não dar nada ao adversário. Às vezes acontece o que aconteceu. Se não fizermos as nossas chances, o adversário aproveita. O meu papel é olhar para o jogo e não só para o resultado, mas sei que no futebol não é assim. Respeito a forma como vocês olham para o jogo mas para mim, enquanto treinador, preciso fazê-lo de maneira diferente. Os jogadores estiveram bem, tanto o Musa como outros jogadores que entraram”, realçou.

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Perante o insucesso na primeira prova de 2024, numa época que iniciou com a conquista da Supertaça, o foco passava por voltar ao trilho de sucessos consecutivos no Campeonato (cinco) naquele que era um regresso ao José Gomes, na Reboleira, onde foram jogados tantos e tantos encontros com história diante do Estrela da Amadora. “Estamos ansiosos para jogarmos fora de casa em Lisboa, acho que é a primeira vez desde que estou no Benfica que jogamos na nossa cidade [n.d.r. à exceção de Alvalade]. O Estrela é uma equipa tradicional, com um estádio pequeno e vai ser um grande desafio. É uma equipa muito física, muito organizada. Queremos reagir bem e fazer um bom jogo, tal como fizemos na quarta-feira frente ao Estoril, mas desta vez queremos ganhar”, comentara, antes de abordar também de forma crítica uma questão sobre a hipotética falta de largura da equipa pelas laterais, nomeadamente com a colocação de Aursnes à direita.

“Não tenho a certeza se percebi a pergunta mas sabe quantos golos o Aursnes já assistiu enquanto ala? Se não fosse um jogador ofensivo, claro que não podia contribuir com assistências. Acho que os nossos laterais estão muito bem. Usamos muito os nossos laterais na fase ofensiva, tenho uma opinião diferente. Acho que o Álvaro [Carreras] esteve bem no último jogo e claro que está bem nos treinos. Já mostrou que é um lateral que pode dar muita qualidade na fase ofensiva, esteve envolvido em momentos bons. Infelizmente também desperdiçámos essas oportunidades. Acho que está bem, tal como o Morato está, tal como o Aursnes está”, salientara, falando (neste caso sem números) das oito assistências do norueguês alinhando na posição de Alexander Bah, que estava de volta à convocatória, e da boa entrada do espanhol cedido pelo Manchester United à equipa da Luz neste mercado de inverno, criando dois lances que não geraram depois finalização.

Apesar dessas análises de Schmidt, o Benfica voltou a ser uma equipa “incompleta” pelas laterais, não tanto pelas ações de Aursnes – que permite que Di María procure muitas vezes com sucesso os espaços por dentro – mas mais por aquilo que Morato não conseguiu dar à equipa em fase ofensiva pela esquerda. No entanto, e entre 40 minutos iniciais onde não criou uma oportunidade de golo de bola corrida, voltou a mostrar uma enorme capacidade de reagir à adversidade, conseguindo a reviravolta após o golo inicial sofrido com culpas para Trubin. Arthur Cabral, única novidade no onze em vez de Musa (que estará a caminho do Dallas FC), justificou a aposta com um golo de bicicleta, uma assistência e um cabeceamento à trave. Rafa, aquele Rafa que tantas vezes tem o dedo apontado pela finalização, fez outro golo vistoso num remate cruzado e tornou-se o melhor marcador dos encarnados. No entanto, e de forma mais discreta, Di María foi a chave. Foi dele a assistência para o primeiro golo, foi nele que começou o segundo golo, foi de um canto seu que nasceu o terceiro golo. Até mais recuado, parado ou a jogar por dentro, o argentino percebe o que tem de fazer pela equipa e mostra uma visão acima do normal para a vitória com um pé esquerdo que parece ter olhos.

Ficha de jogo

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Estrela Amadora-Benfica, 1-4

19.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Gomes, na Amadora

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa)

Estrela Amadora: Bruno Brígido; Omurwa, Pedro Mendes (Pedro Sá, 58′), Mansur (Shinga, 81′); Jean Filipe, Léo Cordeiro, Aloísio (Rodrigo Pinho, 65′), João Reis; Régis, Léo Jabá (Kikas, 58′) e Ronaldo Tavares (André Luiz, 58′)

Suplentes não utilizados: Wagner, Gustavo Henrique, Bucca e Tiago Gabriel

Treinador: Sérgio Vieira

Benfica: Trubin; Aursnes, António Silva, Otamendi, Morato; João Neves, Kökçü (Florentino Luís, 46′); Di María (Rollheiser, 87′), Rafa (Bah, 75′), João Mário (David Neres, 45′) e Arthur Cabral (Marcos Leonardo, 75′)

Suplentes não utilizados: Samuel Soares, Álvaro Carreras, Tomás Araújo e Tiago Gouveia

Treinador: Roger Schmidt

Golos: Léo Jabá (28′), Arthur Cabral (44′), Rafa (45+1′), Otamendi (52′) e Marcos Leonardo (90+3′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Di María (41′) e Regis (45+2′ e 72′); cartão vermelho por acumulação a Regis (72′)

O encontro começou com um lance quase caricato em que Hélder Malheiro assinalou um penálti de Mansur sobre Rafa que foi revertida alguns segundos depois ainda antes da intervenção do VAR (3′) e continuou com o Benfica a ter mais bola mas a encontrar uma boa resistência de uma estrutura defensiva do Estrela a gerir bem os posicionamentos da última linha consoante a forma de atacar dos encarnados. Assim, e de forma quase natural, o primeiro lance de potencial perigo surgir de bola parada, com Kökçü a assumir um livre que estava desenhado para Di María e a obrigar Bruno Brígido a uma grande intervenção que foi de seguida afastada pela linha de fundo (11′). Ficava esse primeiro aviso de um conjunto visitante que ia dando a largura possível com os seus laterais subido permitindo que os alas jogassem mais por dentro em combinação com os movimentos de Rafa e que adiantava Kökçü ou João Neves para ter mais e melhores argumentos em ataque organizado frente a uma equipa da Reboleira que não ligava meio-campo e ataque.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Estrela Amadora-Benfica em vídeo]

Nos minutos seguintes, e por duas ocasiões, o Estrela conseguiu finalmente colocar esse passe do meio para as alas em velocidade que proporcionou as duas primeiras tentativas de remate à figura de Trubin por Léo Jabá e Ronaldo Tavares (20′ e 22′) mas se o futebol é um jogo decidido pela qualidade de decisão, as más definições estavam a ganhar por K.O. às boas definições. Ainda assim, a formação da Reboleira ia segurando da melhor forma o Benfica com bola, o que começava a gerar alguma ansiedade nos muitos adeptos presentes nas bancadas perante a incapacidade de criar ocasiões claras. Na equipa da casa, a saída de Ronald, uma das revelações da primeira volta do Campeonato, não tinha sido compensada ao mesmo nível; nos forasteiros, a melhor versão de Tengstedt antes da lesão só a espaços foi disfarçada por Arthur Cabral. Era aqui que estava a chave para abrir um “cofre” mais do que fechado, com a taluda a sair ao Estrela: recuperação de bola após passe longo falhado, grande arrancada de Léo Jabá com Otamendi a falhar o corte de carrinho, cruzamento travado por Trubin e recarga sem ângulo a fazer passar a bola entre as pernas do guardião (28′).

O Estrela estava em vantagem mas a história da primeira parte encontrava-se longe de estar fechada, muito por culpa do mérito que o Benfica teve em partir mais o jogo com todos os riscos que esse “descontrolo” veio a arcar. No primeiro lance de bola corrida que deu a sensação de perigo junto da área dos amadorenses, Di María trabalhou na direita, veio para dentro ganhar espaço para o cruzamento mas o desvio de Arthur Cabral ficou nas mãos de Bruno Brígido (38′). Logo de seguida, Otamendi voltou a ter uma abordagem falhada de carrinho a um passe longo para Régis, o avançado ganhou o ressalto, passou Trubin mas, com pouco ângulo, atirou ao lado (40′). A reviravolta, essa, demorou menos de três minutos: Arthur Cabral recebeu um passe de Di María de novo por dentro para parar no peito e empatar de bicicleta (44′) e Rafa, no seguimento de uma assistência que até saiu demasiado longa após uma segunda bola, arriscou o remate cruzado descaído sobre a direita para o 2-1 (45+1′). O coração e a qualidade individual disfarçaram a falta de cabeça em muitos momentos, com os encarnados de novo a corrigirem uma entrada em falso com desvantagem no marcador.

Roger Schmidt mexeu na equipa ao intervalo, com a saída de Kökçü (que não estava a jogar mal mas pareceu deixar o campo com dificuldades físicas) para a entrada de Florentino Luís, e foi o Benfica a entrar melhor no segundo tempo, com duas aproximações à baliza do Estrela sem conclusões. Ao invés, e na primeira saída rápida do conjunto da casa explorando a velocidade de Léo Jabá, o cruzamento/remate do brasileiro por pouco não encontrou Ronaldo Tavares ao segundo poste (48′). Na resposta, Arthur Cabral quis arriscar a meia distância no corredor central, encheu-se de fé e atirou muito perto do poste da baliza de Bruno Brígido (50′). Estava dado mais um aviso pelo avançado brasileiro, que voltaria a ter papel preponderante no golo que acabaria com todas as contas: canto à esquerda do ataque aberto por Di María, desvio de cabeça do número 9 a bater na trave e recarga de primeira de Otamendi na área sem hipóteses para Brígido (52′).

Mesmo sendo uma das equipas com menor eficácia a partir de lances de bola parada ofensivos, o Benfica conseguia voltar a marcar dessa forma e encaminhava ainda mais a sexta vitória consecutiva na Liga, que só não conheceu outros números logo a seguir após uma grande jogada coletiva porque Bruno Brígido evitou o bis de Rafa sozinho na área (56′). O Estrela ainda deixou uma ameaça de canto, com Regis a desviar de cabeça ao primeiro poste muito perto da trave da baliza de Trubin (60′), mas nem as três substituições de uma assentada de Sérgio Vieira conseguiram tirar os encarnados da zona de conforto, até pela boa entrada de Florentino Luís a nível de recuperações e interceções de bola. A juntar a isso, Regis ainda foi expulso sem necessidade por acumulação de amarelos (71′), adensando a quebra de ritmo de uma partida que teria ainda uma defesa apertada de Trubin a cabeceamento de Rodrigo Pinho após canto (73′), o regresso à competição de Alexander Bah, lançado em campo a 15 minutos do final antes da estreia do reforço Rollheiser (87′) e o 4-1 final de novo por Marcos Leonardo, que saiu do banco para marcar após assistência de David Neres (90+3′).

 
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