A economia portuguesa escapou da chamada recessão técnica. A subida de 0,8% do PIB no quarto trimestre, face ao terceiro trimestre, contrariou a contração que se tinha registado no terceiro trimestre (de 0,2%), segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) na primeira leitura da evolução da economia nacional. No conjunto do ano o PIB nacional subiu 2,3% no patamar superior das projeções. Ainda assim um abrandamento face aos 6,8% de 2022.

O Banco de Portugal era o mais pessimista com uma projeção de 2,1% para 2023. Do lado oposto, o FMI projetava um crescimento anual de 2,3%. Foi mesmo esta entidade, que chegou a ser criticada pelo Governo, que acabou por acertar nas previsões. As restantes entidades — Governo, Conselho das Finanças Públicas, Comissão Europeia e OCDE, coincidiam na projeção de 2,2%.

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Para 2024, todas estas entidades apontam para uma travagem no crescimento, em torno dos 1,5%, com as projeções mais pessimistas (Banco de Portugal e OCDE) a apontar para 1,2% de crescimento.

No quarto trimestre a economia portuguesa cresceu 0,8%, em cadeia, depois de no terceiro trimestre ter contraído 0,2%. Já em termos homólogos o crescimento do quarto trimestre foi de 2,2%. A subida do quarto trimestre foi acima do esperado.

“Comparando com o terceiro trimestre de 2023, o PIB aumentou 0,8% em volume (diminuição em cadeia de 0,2% no trimestre anterior). O contributo da procura interna para a variação em cadeia do PIB aumentou no quarto trimestre, refletindo o comportamento do consumo privado, enquanto o contributo da procura externa líquida foi menos negativo“, indica o INE. Dados mais pormenorizados das componentes que determinaram a evolução do PIB serão divulgados pelo INE a 29 de fevereiro, dia em que a entidade confirmará os resultados das contas nacionais.

Fonte: INE

O consumo privado é o que está a puxar pelo PIB. O INE fala de uma desaceleração do investimento no quarto trimestre. Já a procura externa líquida passou a ter um contributo positivo, em termos homólogos, com as exportações a voltarem a crescer mais que as importações.

O INE indica que o comércio internacional de bens foi revisto para o terceiro trimestre, mas tal não implicou mexidas na variação.

Na estimativa rápida do comércio internacional de bens do quarto trimestre de 2023, divulgada esta terça-feira pelo INE, revela-se diminuições nas exportações e importações de, respetivamente, 1,9% e 5,4%, em termos nominais e em relação ao período homólogo. “O decréscimo nas transações de bens ocorre pelo terceiro trimestre consecutivo, mas sendo menos acentuado que no trimestre anterior, em que se registaram variações homólogas de -8,7% nas exportações e -12,4% nas importações”.

No terceiro trimestre o PIB, em cadeia, tinha tido uma contração de 0,2% e uma variação homóloga de 1,5%.

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Na Europa, a economia francesa estagnou no quarto trimestre nos 0%, depois do crescimento no terceiro trimestre ter sido revisto em alta para 0,1%. No conjunto de 2023, a economia de França cresceu 0,9%, contra os 2,5% em 2022. Já em Espanha a economia, em 2023, surpreendeu. O PIB cresceu, no quarto trimestre, acima do previsto pelos analistas, subindo 0,6%. No conjunto do ano, a economia espanhola cresceu 2,5%, contra os 1,5% esperado. Na Alemanha, 2023 foi, segundo as primeiras projeções, de contração.

Segundo o Eurostat, no quarto trimestre, o PIB estabilizou, em cadeia, quer na zona euro, quer na União Europeia, depois de uma contração de 0,1% no terceiro trimestre. No conjunto do ano, e considerando os primeiros dados do Eurostat, o PIB em 2023 da zona euro e da União Europeia cresceu 0,5%.

Em 12 países analisados pelo Eurostat, Portugal teve, mesmo, o maior crescimento no quarto trimestre, superando os 0,6% de Espanha. Os dados finais serão divulgados a 14 de fevereiro. Os países que pejorativamente foram catalogados como PIGS na crise da dívida soberana, que incluía Portugal, Itália, Grécia e Espanha, contribuíram para que a economia europeia que não entrasse em recessão, já que do maior país, a Alemanha, veio um trimestre negativo (-0,3%), projetando-se que o primeiro trimestre alemão possa ser de nova contração.

Em relação ao quarto trimestre, só ainda não há dados da Grécia.