Por norma, a evolução normal de uma figura no futebol passa de um nome para jogador para dois quando o passo seguinte passava pelos bancos. No caso de João Oliveira Pinto, que cresceu na altura em que havia um João Vieira Pinto a despontar e um João Pinto como referência do FC Porto e do Campeonato, os três nomes foram uma constante na carreira. Os três nomes e os três atributos que o distinguiam quando se tornou um dos bicampeões mundial de Sub-20. Era pequeno, era rápido e tinha uma técnica só ao nível dos melhores que, quando era miúdo, o colocava ao nível de Futre, Litos ou Figo entre os maiores talentos da formação do Sporting. A carreira até por não ter correspondido a tudo aquilo que se esperava mas a marca no futebol nacional ficou para sempre. Até hoje. João Oliveira Pinto morreu esta quinta-feira aos 52 anos.

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“Morreu, esta quinta-feira, após uma batalha contra doença oncológica, João Oliveira Pinto, ex-jogador que se sagrou campeão do mundo de Sub-20, em 1991, e atual delegado da Assembleia Geral da FPF pelo Sindicato de Jogadores de Futebol Profissional. Jogador formado nas escolas do Sporting, João Oliveira Pinto fez parte da Geração de Ouro campeã do mundo Sub-20, em Lisboa. O médio criativo, de técnica superlativa, somou mais de 61 internacionalizações ao serviço das seleções nacionais de formação, onde teve um percurso brilhante e se sagrou igualmente vice-campeão da Europa Sub-21″, anunciou a Federação, recordando todo o seu trajeto, num comunicado colocado esta noite no site oficial.

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“É com o mais profundo pesar que o Sindicato dos Jogadores anuncia o falecimento de João Oliveira Pinto, nosso delegado, companheiro e amigo, que deixa além de uma profunda saudade, um legado de simplicidade, bondade e disponibilidade constante para os jogadores e para as suas causas. Neste momento de profunda dor, os nossos pensamentos e solidariedade estão com a família do João. Nunca te esqueceremos e estarás para sempre connosco”, destacou em comunicado o Sindicato dos Jogadores. “A Liga Portugal expressa profundo lamento pela morte de João Oliveira Pinto, antigo jogador que se sagrou campeão do mundo de Sub-20 em 1991 e que desempenhava atualmente funções de Delegado do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol na Federação Portuguesa de Futebol”, escreveu a Liga Portugal.

Após o período de formação nos leões, com a conquista de um Campeonato de Juvenis e um empréstimo aos seniores do Atlético em 1990/91, João Oliveira Pinto ainda fez um jogo no plantel principal do Sporting mas acabou por sair para o V. Guimarães, passando depois por Estoril, Gil Vicente, Sp. Braga, Farense, Marítimo e Académica, sempre no principal escalão à exceção do conjunto de Coimbra. Seguiram-se na 2.ª Divisão B, na 3.ª Divisão e nos Regionais o Imortal, o Amora, o Sesimbra e o Alfarim, onde acabou a carreira em 2010. O título mundial Sub-20 conquistado na mítica final diante do Brasil num Estádio da Luz com (pelo menos) 120.000 espectadores ficou como o ponto mais alto da carreira.

Atualmente, João Oliveira Pinto era delegado do Sindicato de Jogadores e também da Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, tendo revelado no ano passado que lutava contra uma leucemia mas que não pretendia qualquer tipo de campanha de angariação de fundos a seu favor, como tivera conhecimento. “O João exige recato e respeito pelo momento difícil que está a passar, agradecendo todas as mensagens de apoio e carinho que tem recebido, sem exceção. Mais solicita e agradece a quem promoveu a angariação de fundos a seu favor, que informe e proceda à devolução dos valores doados aos respetivos destinatários”, anunciou o Sindicato de Jogadores através de um comunicado emitido em junho.

“O meu amigo JOP está a passar um momento difícil e não merecia! Tem um coração enorme, uma alegria contagiante, de uma generosidade sem limites. Nunca vi ninguém fazer tanto pelos outros e tão pouco por ele. Um pai carinhoso, um amigo leal. Foi campeão do mundo, um jogador fora de série, merecia mais da vida e de alguns amigos. Mas nunca se queixou, mesmo na dificuldade, sempre foi um lutador. Não desistas, João. Já passaste por tanto. Estamos aqui, somos muitos a rezar por ti, que queremos estar logo contigo, precisamos da criança que há em ti! Hoje acordei assim, cheio de saudades tuas. Desculpa, o desabafo. Gosto muito de ti!”, escreveu na altura Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato.

“O desaparecimento do João Oliveira Pinto é uma notícia que enche de tristeza toda a família do futebol nacional. Não apenas pelo muito que nos deu em campo mas, sobretudo, por tudo aquilo que nos continuava a dar como dirigente do Sindicato de Jogadores, delegado da Assembleia Geral da FPF e amigo de muitos de nós. Depois de uma luta contra a doença tão breve quanto injusta e de desfecho infeliz, deixa-nos um legado de grande amor ao futebol e de dedicação ao próximo. O jogador que nos ajudou a levantar o bicampeonato em Lisboa, em 1991, junto da sua Geração de Ouro, era igualmente uma pessoa que a todos distribuía simpatia, gentileza e um sorriso aberto e amigo”, destacou Fernando Gomes, líder da FPF.