Siga aqui o liveblog sobre a guerra na Ucrânia

O exército ucraniano retirou-se da cidade de Avdiivka (leste), onde a situação se deteriorou consideravelmente nos últimos dias, anunciou o general ucraniano que comanda a zona.

“De acordo com a ordem recebida, retirámo-nos de Avdiivka para posições preparadas com antecedência”, escreveu Oleksandre Tarnavsky, na sexta-feira à noite, na plataforma Telegram.

Esta foi a maior vitória simbólica da Rússia desde o fracasso da contraofensiva de Kiev no verão passado. “Numa situação em que o inimigo está a avançar sobre os cadáveres dos próprios soldados e tem dez vezes mais obuses (…) esta é a única decisão correta”, disse o general Tarnavsky.

As forças ucranianas evitaram assim ficar cercadas perto desta cidade industrial largamente destruída, indicou. Esta foi a primeira grande decisão tomada pelo novo comandante das Forças Armadas ucranianas, Oleksandre Syrsky, depois de ter sido nomeado a 8 de fevereiro, e foi justificada pela vontade “de preservar” a vida dos soldados.

“Decidi retirar as nossas unidades da cidade e passar a defender em linhas mais favoráveis”, escreveu Oleksandre Syrsky na rede social Facebook, pouco antes do anúncio do general Tarnavsky.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Os nossos soldados cumpriram o dever militar com dignidade, fizeram tudo o que estava ao seu alcance para destruir as melhores unidades militares russas e infligiram perdas significativas ao inimigo”, acrescentou o general.

Avdiivka tinha cerca de 34 mil habitantes antes da invasão russa em fevereiro de 2022. Em julho de 2014, a cidade caiu brevemente nas mãos dos separatistas pró-russos liderados por Moscovo, antes de regressar ao controlo ucraniano e assim permanecer, apesar da invasão e de ser próxima de Donetsk, a capital separatista no leste da Ucrânia nos últimos 10 anos.

Kiev indicou que o exército russo multiplicou as vagas de assalto, desde outubro, para tomar Avdiivka, apesar das perdas humanas muito elevadas, uma situação semelhante à da batalha de Bakhmut, cidade que Moscovo conquistou em maio de 2023 após 10 meses de combates e dezenas de milhares de mortos e feridos.

Após o fracasso da contraofensiva ucraniana de verão, foram os russos que partiram para o ataque, enfrentando um exército ucraniano que lutava para reconstituir fileiras e a ficar sem munições.

Foi uma “decisão justa”, diz Zelensky

A retirada do exército ucraniano da cidade Avdiivka foi uma “decisão justa” para “salvar o maior número de vidas possível”, numa altura em que os soldados lutam para resistir ao ataque das tropas russas, defendeu este sábado o presidente ucraniano.

“Foi uma decisão profissional para salvar o maior número de vidas possível (…) foi uma decisão justa”, sublinhou Volodymyr Zelensky na Conferência de Segurança de Munique, no sul da Alemanha.

Durante o seu discurso, Zelensky afirmou que as ações das tropas do seu país na linha da frente são limitadas apenas pela falta de munições e mísseis de longo alcance do Ocidente, permitindo à Rússia adaptar-se à situação no campo de batalha.

“As nossas ações são limitadas apenas pela eficácia e pelo alcance das nossas forças. Avdivka é o teste”, afirmou, após as tropas de Kiev se retiraram da cidade oriental na noite de sexta-feira.

“A Ucrânia demonstrou que pode forçar a Rússia a retirar-se e que é capaz de restabelecer as regras. Podemos recuperar o nosso território e (o Presidente russo Vladimir) Putin pode perder, o que já aconteceu mais do que uma vez no campo de batalha”, reforçou.

Zelensky sublinhou ainda que “manter a Ucrânia artificialmente desprovida de armas, em particular de artilharia e de capacidades de longo alcance, permite a Putin adaptar-se à atual intensidade da guerra”.

Na sua intervenção na conferência, o presidente ucraniano renovou o convite ao ex-Presidente norte-americano e favorito à reeleição pelo Partido Republicano Donald Trump para visitar a Ucrânia, oferecendo-se para acompanhá-lo pessoalmente à zona de combate para entender melhor a guerra.

“Se o Sr. Trump vier, estou até disposto a ir com ele para a linha da frente”, disse Zelensky durante um discurso na Conferência de Segurança de Munique.