Cerca de 100 elementos das várias forças de segurança juntaram-se, esta sexta-feira, às portas do Comando Distrital da PSP de Coimbra para prestar homenagem à equipa de intervenção rápida que foi recentemente desmantelada.

Na quarta-feira, o Comando da PSP de Coimbra afirmou que tinha procedido a uma reorganização das suas equipas de intervenção rápida (EIR), depois de 18 agentes terem metido baixa médica no dia do jogo de futebol entre União de Leiria e Sporting, na semana passada, tendo optado por afetar alguns dos polícias a outros serviços.

Esta sexta-feira, cerca de 100 elementos das forças de segurança concentraram-se às portas do Comando Distrital de Coimbra, muitos vestindo uma t-shirt preta onde se lia “Todos juntos somos um” (com o símbolo das três forças: PSP, GNR e Guarda Prisional), numa iniciativa onde eram também visíveis várias bandeiras de Portugal.

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Os elementos da EIR que foi desmantelada do Comando, que tinham ido buscar os seus pertences, foram recebidos sob fortes aplausos dos colegas, assim que saíram do edifício, mostrando-se emocionados com a receção e a demonstração de solidariedade.

“Obrigado por virem aqui. Cumprimos a nossa missão até à última. Fizemos o nosso serviço. Não falhámos em nada. Continuem a ter orgulho no que são”, disse, no final, o chefe da equipa que foi extinta, Rogério Costa.

Dirigindo-se a todos os presentes, o agente afirmou: “estamos aqui pelo povo e por mais ninguém”.

Para os presentes, o fim daquela EIR é uma forma de “castigo” por estes terem participado em várias ações públicas de demonstração do descontentamento das forças de segurança em relação às suas condições salariais, disse à agência Lusa Arlindo Guerreiro, agente da PSP em Coimbra há 38 anos.

“Não sei se é retaliação ou não [por também terem metido baixa no dia do jogo], mas estamos solidários com eles e viemos aqui para mostrar que têm o nosso apoio”, afirmou o mesmo agente, criticando o “desmantelamento da equipa de intervenção”.

Também António Monteiro, polícia há 35 anos, considerou que o fim da equipa foi “um castigo”.

“O nosso sentimento é de revolta. Porque estamos aqui todos para a mesma causa. As nossas reivindicações são justas, a PJ levou um aumento brutal, e nós temos de ter um subsídio de risco igual a eles, porque nós é que estamos na linha da frente”, vincou.

Questionado pela agência Lusa sobre o porquê de o desmantelamento da equipa estar relacionado com as reivindicações laborais dos polícias, António Monteiro disse que o subsídio dado à PJ sem um igual para as restantes forças “tem levado ao descontentamento” dos agentes.

“Nós temos vindo a pedir o nosso subsídio equiparado. A equipa foi desmantelada por causa do nosso descontentamento. Mostraram esse descontentamento e tiveram o azar de ficar doentes e de ir ao hospital e, como vingança, a equipa foi desmantelada”, afirmou.

Questionado pela agência Lusa sobre se não acha estranho haver 18 elementos a meter baixa no mesmo dia, António Monteiro disse que não.

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“Os professores são aos milhares que metem baixa todos os dias, e o bastonário da Ordem dos Médicos disse que [os médicos] estão todos em ‘burnout‘ [esgotamento]. Será que os PSP que têm uma função superior à deles não têm também essa doença do burnout?”, perguntou, referindo que acha estranho é “não haver muito mais” polícias a meter baixa.

“O descontentamento total dos elementos leva a que o pessoal adoeça”, frisou.