É um dos projetos mais ambiciosos recentemente anunciados em Hollywood: pela primeira vez, a vida e obra dos Beatles será retratada no cinema sob a forma de quatro filmes biográficos, cada um focado num dos membros da banda britânica. O anúncio foi feito esta terça-feira de forma conjunta pela Sony Pictures, o estúdio responsável pela produção, a Apple Corps, empresa fundada pelos Fab Four e que detém os direitos do seu catálogo musical, e pelo realizador britânico Sam Mendes, que concebeu a ideia e que irá realizar os quatro filmes, com data de estreia prevista para 2027.

A ideia passa por retratar as histórias de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr de forma individual numa série de narrativas interligadas e em que cada filme será contado a partir do ponto-de-vista de um dos membros da banda, avança o jornal Deadline. O projeto marca a primeira vez que a história dos Beatles será contada num biopic, bem como a primeira vez que o catálogo musical do quarteto será utilizado num filme narrativo sobre a banda.

O projeto será levado a cabo ao longo dos próximos anos com vista a um lançamento em 2027, estando neste momento a finalizar a busca por argumentistas. De acordo com Sam Mendes, o projeto foi apresentado ao longo dos últimos meses a potenciais parceiros de financiamento e distribuição em Hollywood, onde foi alvo de várias propostas.

“Get Back”: o que sete horas no sofá com os Beatles nos dizem sobre o último ano da banda

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A escolha de parceria com a Sony e com os produtores Tom Rothman e Elizabeth Gabler foi feita, de acordo com o realizador de Beleza Americana (1999) e 1917 (2019), com base numa garantia de um lançamento nas salas de cinema ao invés, por exemplo, do streaming. “A razão pela qual a Sony se destacou das demais ofertas teve a ver com a paixão do Tom e da Elizabeth pela ideia, bem como um comprometimento em impulsionar estes filmes em sala de uma forma inovadora”, sustentou. “Queremos que esta seja uma experiência cinematográfica unicamente excitante e épica: são quatro filmes, contados de quatro perspetivas diferentes e que contam uma só história sobre a mais celebrada banda de todos os tempos”, acrescentou Pippa Harris.

Também a Sony Pictures realçou a dimensão ambiciosa do projeto. “Eventos cinematográficos em sala de cinema hoje em dia devem ser culturalmente sísmicos. A ideia ousada e em grande escala do Sam é isso e muito mais”, disse em comunicado Rothman, que é CEO da divisão cinematográfica da empresa de entretenimento.

O projeto conta com a bênção de McCartney e Starr, das viúvas de Lennon e Harrison, Yoko Ono e Olivia Harrison, respetivamente, e de Sean Lennon, filho do músico. O diretor da Apple Corps, Jeff Jones, citou o caráter “inovador” do projeto de Mendes, bem como “o apoio entusiástico da Sony Pictures, que tem empolgado a dimensão e visão criativa do projeto desde o início”.

Pese embora se terem separado há mais de cinquenta anos, a popularidade dos Beatles perdura até aos dias de hoje e movimenta legiões de fãs, os que lá estavam durante a Beatlemania e aqueles nascidos muito depois do seu fim. A alimentar esta popularidade continuada têm estado ao longo dos anos vários projetos com a banda como foco, desde documentários sobre o historial da banda a filmes, produções ao vivo e até videojogos inspirados nas músicas dos quatro rapazes de Liverpool.

Mesmo recentemente, este catálogo musical voltou a crescer, com o lançamento no final de 2023 de Now and Then, apresentado como a última música a juntar os quatro Beatles na mesma faixa. Nos próximos anos, a esta pequena indústria serão acrescentados quatro filmes biográficos — e com eles, mais uma oportunidade de reviver a história dos Beatles a partir de uma nova perspetiva.

“Now and Then”: como a inteligência artificial deu vida à última canção dos Beatles