Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra entre Israel e o Hamas
“Como destruir uma mesquita” é o título de um popular vídeo se tornou muito popular em plataformas como o TikTok em Israel. O vídeo, editado num estilo frenético próprio da linguagem dos memes da internet e com uma banda sonora humorística, pretende retratar os passos necessários para construir um engenho explosivo capaz de destruir edifícios de culto da religião muçulmana em Gaza. É também um de muitos vídeos feitos por soldados israelitas na frente de combate que, nos últimos meses, têm ganho popularidade nas redes socais — e aumentado a polémica em torno da conduta de Israel na guerra contra o Hamas.
Estados Unidos dizem que “objetivo imediato” em Gaza passa por acordo de tréguas
As gravações em questão oferecem um olhar privilegiado ao dia-a-dia dos soldados das Forças de Defesa de Israel (IDF) no decurso das operações em Gaza. Muitos chegam mesmo a ter dezenas de milhares de visualizações e são partilhados em todas as principais plataformas de partilha de conteúdos, do já referido TikTok ao Twitter, do YouTube ao Facebook.
Se alguns destes vídeos retratam cenas mundanas do dia-a-dia, como soldados a comer e em várias atividades militares ou lúdicas, muitos outros há que adotam uma postura diferente. O tom é quase sempre jocoso e frequentemente faz pouco das consequências da guerra para os civis palestinianos.
Um vídeo partilhado várias vezes na rede social X inclui dois soldados da IDF num aparente sketch humorístico numa escola deserta e destruída pelos combates.
Khan Younis |
Israeli soldiers blowing up classrooms for fun. Why? Because they want to make tiktok videos like this. This was published on Ofek Yakolev’s tiktok. pic.twitter.com/u7RURqvWVY
— Younis Tirawi | يونس (@ytirawi) January 19, 2024
Outro vídeo retrata um soldado israelita a atear fogo a um camião de mantimentos destinados às vítimas humanitárias do conflito. Dizem que estão a destruir “os doces que eles dão aos miúdos quando fazem ataques terroristas”:
Itamar's children of light ???? pic.twitter.com/UWYdbzQ24h
— Tali {????????️}????{????????} (@TalulaSha) December 10, 2023
Pelo meio, há imagens que retratam soldados israelitas a vandalizar estabelecimentos comerciais em Gaza, a posar com armas junto a cenários de destruição causada pelo conflito e até a demolir um edifício no contexto de um convite de casamento.
Israeli soldiers vandalize a gift shop in #Gaza after destroying the area and killing or expelling residents pic.twitter.com/Dunu2cQxXL
— Suppressed News. (@SuppressedNws) December 8, 2023
@linmoskona חשוב שהוא יכול להפטר ממני חחחחחחחחחחחחח ???????????? #foryou #פוריו #כיאנחנוחיילים #אקסיתאובססיבית
@middleeasteye An Israeli soldier announces his wedding date saying “It’s going to be a blast” while blowing up a house in Gaza. The soldier then carries on the celebrations with his comrades.
As imagens têm bastante repercussão mediática na esfera digital, muitas vezes acabando mesmo por circular em páginas ligadas à extrema-direita de Israel, que as promove como exemplo da conduta a seguir pelos soldados da IDF. No entanto, alguns espaços da sociedade civil têm criticado aquilo que vêm como a conduta excessiva do exército, motivada não por uma necessidade de guerra, mas por um ódio contra o povo palestiniano.
“Mesmo que o porquê de termos ido para esta guerra seja importante e necessário, temos de nos questionar sobre como nos estamos a comportar durante a guerra”, disse à CNN Internacional, que recentemente documentou alguns destes casos, Avnar Gvaryahu, um antigo soldado israelita que participou na Segunda Intifada e que hoje dirige a organização Breaking the Silence, um coletivo que encoraja ex-combatentes a relatarem a verdade da sua experiência no exército e nos vários períodos de ocupação israelita dos territórios palestinianos.
Por outro lado, há quem entenda este fenómeno de redes sociais como uma tentativa de retomar controlo da narrativa da guerra e afirmar a superioridade de Israel, como é o caso de Eran Halperin, professor de Psicologia da Universidade Hebraica de Jerusalém.
“A ideia central é ‘Estamos aqui, vamos ganhar, somos poderosos’. O que estes soldados estão a fazer nestes clipes que encontramos nas redes sociais faz parte de uma tentativa de reestabelecer uma sensação de agência, de poder e da imagem positiva que tínhamos de nós próprios antes do 7 de outubro”, disse.
À CNN Internacional, as forças israelitas confirmaram estar a par destas situações, mas demarcaram-se de qualquer incentivo aos vídeos, garantindo que a situação está a ser monitorizada. “A IDF tem agido, e continua a agir, por forma a identificar casos que se desviem da conduta usual esperada de soldados da IDF. Esses casos serão arbitrados e serão tomadas medidas significativas contra os soldados envolvidos”, referiu fonte do exército.