A greve dos trabalhadores do Hospital de Cascais teve esta sexta-feira uma adesão de cerca de 80%, disse à Lusa fonte sindical, adiantando que as consultas externas, exames e cirurgias programadas foram os serviços mais afetados.

Os trabalhadores do Hospital de Cascais, no distrito de Lisboa, estão em greve desde as 08h00 desta sexta-feira e até às 00h00 de sábado, exigindo a negociação da regulamentação coletiva de trabalho, que assegure horários de 35 horas, e contratação de recursos humanos, numa paralisação convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas.

A Lusa contactou fonte do Hospital de Cascais, que remeteu informação para mais tarde.

“Os trabalhadores estiveram concentrados entre as 10h00 e as 11h00 junto ao Hospital de Cascais para exigir a negociação da regulamentação coletiva de trabalho. A adesão é de cerca de 80%, sendo as consultas externas, os exames de imagiologia e as cirurgias programadas, exceto as oncológicas, os serviços mais afetados”, disse à Lusa Ana Pais, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas (STFPSSRA).

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De acordo com a sindicalista, foram cumpridos os serviços mínimos, nomeadamente nas urgências, cirurgias e oncologia.

Segundo Ana Pais, a greve visa permitir que os trabalhadores “possam ter as mesmas condições de trabalho, os mesmos direitos que os trabalhadores das outras instituições de saúde da administração pública, nomeadamente as 35 horas, [para] aqueles trabalhadores que fazem 40 horas”, explicou à Lusa Ana Pais.

Os trabalhadores, entre os quais se incluem administrativos, auxiliares, técnicos superiores de terapêutica e técnicos superiores de diagnóstico, querem também resolver a “questão das carreiras mais dignas”, como a carreira de técnico auxiliar de saúde, “uma carreira especial enquadrada no Serviço Nacional de Saúde [SNS]” e que o respetivo diploma também prevê que seja aplicado “para os trabalhadores dos hospitais PPP [parceria-público-privada]”.

“O que acontece é que os trabalhadores ainda não transitaram para essa carreira e não nos parece haver vontade da parte da direção para que isso aconteça”, disse.

No caderno reivindicativo estão ainda “questões salariais” e “da falta de pessoal”, o que “faz com que os trabalhadores vejam os seus horários alargados” muito “além das 40 horas”.

A estrutura sindical reuniu-se com representantes da direção do hospital em agosto de 2023, para discutir os problemas dos trabalhadores, e perante o argumento de que desconheciam os assuntos solicitaram tempo para analisar as questões, comprometendo-se a reunir novamente na segunda quinzena de outubro, mas desde então remeteram-se ao silêncio.

Além da urgente negociação efetiva de um instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, os trabalhadores exigem ainda “a integração do Hospital de Cascais no âmbito do SNS [Serviço Nacional de Saúde], assegurando todos os direitos aos seus trabalhadores, nomeadamente a contabilização do tempo de serviço para todos os efeitos legais”.

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“O que nós também exigimos é realmente a reversão deste tipo de gestão para a esfera pública”, disse, acrescentando que “os trabalhadores veem as suas condições de trabalho mais agravadas pelo facto de ser uma parceria-público-privada”.

A PPP do Hospital de Cascais foi gerida durante 14 anos pelo grupo Lusíadas Saúde, que desistiu do novo concurso, em 2022, por já não estar garantida a sustentabilidade económica, e entretanto foi adjudicada ao grupo espanhol Ribera Salud.