António Costa está em Roma, para participar no congresso do Partido Socialista Europeu (PSE). Em declarações aos jornalistas, o primeiro-ministro foi questionado sobre os planos para a sua vida política. Não se comprometeu, recorrendo a uma declaração genérica. “A nossa vida está sempre aberta até ao último dia da nossa vida. E não tenciono que a minha vida termine nos próximos dias.”

Por agora, disse que vai participar na campanha do PS para estas legislativas, sempre que o partido “entender” que é “útil”. “Quando achar que sou útil, cá estou”, afirmou.

O ex-secretário-geral do PS está em Roma até sábado, onde a família socialista europeia está reunida para eleger Nicolas Schmit como candidato às próximas europeias, que estão marcadas para junho.

Em resposta à questão sobre a importância para o PSE de estar ligado a um órgão de liderança a nível europeu, lembrou que é preciso esperar pelos resultados das eleições para o Parlamento Europeu “para depois se ver como é que diferentes famílias políticas se organizam, qual é o peso de cada uma e as relações entre si”. “Até lá está tudo em aberto”, até porque os “compromissos são assumidos pelas diferentes famílias políticas” apenas na sequência das eleições.

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Em relação à candidatura de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, António Costa teceu rasgados elogios à governante alemã, que pertence ao Partido Popular Europeu (PPE). “O que tenho a dizer é que ao longo de cinco anos Von der Leyen foi uma excelente presidente da Comissão Europeia.”

Von der Leyen candidata-se a ‘Spitzenkandidat’ do PPE para voltar à Comissão Europeia

“Soube bem representar não só família política como todos aqueles que apoiaram a sua eleição e seu programa”, continuou. Costa aproveitou a ocasião para lembrar que “foi com esta Comissão que demos passos muito importantes, com a liderança socialista, na área do combate a alterações climáticas, na coesão, na política económica e social”, enumerou.

Lembrou também o combate à pandemia durante o mandato da política alemã, que descreveu como “talvez um dos momentos mais difíceis desde a Segunda Grande Guerra”. “A Comissão e a Europa deram um passo histórico de emissão de dívida conjunta não só para responder à pandemia, mas também para assegurar uma rápida reconstrução da Europa”.

António Costa comparou o mandato de Von der Leyen com os mandatos do antecessor Durão Barroso, que liderou o braço executivo da União Europeia entre 2004 e 2014. “Basta comparar o que aconteceu nesta Comissão com o que tinha acontecido na Comissão de Barroso, da crise das dívidas soberanas, para ver como desta vez foi bastante diferente.”

“Em vez de entrarmos numa austeridade que afundou economias, matou milhões de empregos, destruiu empresas e não pôs as contas certas, desta vez conseguimos responder com solidariedade.  Salvaram-se milhões de empregos, protegeram-se as empresas, a economia recuperou e só não recuperou mais porque a Rússia entretanto decidiu invadir a Ucrânia e trouxe disrupção a toda a economia à escala global”, acrescentou.

Apesar dos elogios a Von der Leyen, Costa disse que não votará “em nenhum dos partidos do Partido Popular Europeu”. “Votarei no PS e família social democrata da Europa. Sobre Von der Leyen em si não posso deixar de dizer que fez um excelente trabalho.”

António Costa falou também sobre as eleições legislativas, que considerou ser a “primeira das prioridades” no país, logo seguidas pelas eleições para o Parlamento Europeu, e recusou-se a entrar em “especulações” sobre o caso judicial em que o seu nome foi envolvido.