A Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo vai avançar com a criação de uma unidade multidisciplinar dedicada ao cancro da mama, uma medida “decisiva” para manter a respetiva atividade cirúrgica na região, anunciou a ULS.

“Foi através da submissão e aprovação deste projeto diferenciador que o Conselho de Administração (CA) da ULS Médio Tejo conseguiu reverter uma recomendação do grupo de trabalho para a elaboração da Rede de Referenciação Hospitalar de Cirurgia Geral à Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS)”, numa especialidade com “forte impacto” na região, indicou esta sexta-feira o CA da ULS Médio Tejo, com sede em Torres Novas (Santarém).

A recomendação à DE-SNS “propunha cessar a atividade cirúrgica da neoplasia da mama na ULS Médio Tejo e referenciar as doentes diagnosticadas e em tratamento para a ULS Leiria”, indicou à Lusa Casimiro Ramos, tendo referido que a ULS “realizou 62 intervenções cirúrgicas ao cancro da mama em 2023”, número abaixo das 100 cirurgias de uma diretiva da DE-SNS.

No projeto apresentado, o CA da ULS Médio Tejo sustentou que a criação da Unidade da Mama “garante inequivocamente a diferenciação dos especialistas na prestação dos cuidados, facilitando o acesso de proximidade e potenciando a humanização”, tendo o mesmo sido aprovado pela tutela.

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A Direção Executiva do SNS (DE-SNS) anunciou na quinta-feira, numa notícia divulgada pelo Público, que sete unidades locais de saúde, algumas das quais com mais de um hospital integrado, vão deixar de fazer cirurgias ao cancro da mama a partir de 1 de abril.

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Segundo a DE-SNS, esta operação deve restringir-se a instituições que realizem pelo menos 100 cirurgias anualmente e tenham pelo menos dois cirurgiões dedicados.

“Perante este cenário”, e com “260 pessoas a serem seguidas na ULS Médio Tejo com esta patologia e 62 cirurgias realizadas em 2023, nós apresentámos um recurso, apresentando um projeto e justificando a razão pela qual estávamos abaixo dos 100 casos, tendo em conta que temos uma incidência muito importante desta patologia na região”, afirmou à Lusa Casimiro Ramos, em Abrantes, na quinta-feira, à margem de uma cerimónia da Liga dos Amigos do Hospital.

Para o CA da ULS Médio Tejo, a “qualidade e diferenciação do projeto” submetido à DE-SNS “foram decisivas para manter a atividade cirúrgica do cancro da mama na região”.

A instalar na Unidade Hospitalar de Torres Novas, “a Unidade da Mama terá uma enfermaria de internamento dedicada e integrará o diagnóstico, estadiamento, reunião de decisão de terapêutica multidisciplinar e tratamento — médico, cirúrgico e radioterapia — do cancro da mama”, indica a ULS Médio Tejo, em nota informativa.

Este projeto, refere a mesma nota, “vai envolver uma equipa intra-hospitalar de mais de 15 profissionais de saúde, entre os quais duas cirurgiãs com diferenciação em neoplasia da mama, dois oncologistas que acompanham mais de uma centena de mulheres com cancro de mama metastizado e dois radiologistas com diferenciação ao nível da imagiologia da mama”.

A ULS Médio Tejo indica ainda que a Unidade da Mama vai contar com o “apoio das especialidades de radioncologia e anatomia patológica”, tendo destacado as “excelentes condições” em Torres Novas, nomeadamente do Bloco Operatório e dos equipamentos de Imagiologia, e o “envolvimento dos cuidados primários da região, para potenciar o rastreio e a referenciação de novos casos, bem como no acompanhamento das utentes” em tratamento.

Com uma população residente na área geográfica de abrangência de cerca de 170 mil pessoas (169.274), a ULS Médio Tejo passou a agregar a 1 de janeiro o Centro Hospitalar Médio Tejo (CHMT) e o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Médio Tejo, assegurando a prestação dos cuidados de saúde nos concelhos de Abrantes, Alcanena, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Mação, Sardoal, Tomar, Torres Novas, Vila Nova da Barquinha (distrito de Santarém) e Vila de Rei (distrito de Castelo Branco).