A questão de uma bola que bate no poste e entra ou acerta no ferro e sai pode estar diferenciada por apenas um par de centímetros mas faz toda a diferença. Esta noite, em Alvalade, a Atalanta acertou por três vezes no poste da baliza de Franco Israel e fez algo que não se via na Liga Europa há 692 dias, quando o Rangers teve essa mesma “pontaria” (demasiada pontaria) diante do Sp. Braga. Antes, ainda na fase de grupos, essa “fava” tinha tocado ao Sporting em Bérgamo, com Pedro Gonçalves a ter um remate que bateu nos dois postes e que podia ter deixado os leões a dependerem de si para assegurarem o primeiro lugar. Grande diferença entre os dois jogos que terminaram com empate a um? A condição física do conjunto verde e branco. Uma condição que, entre ausências e poupanças possíveis, deixou os verde e brancos sem mais argumentos.

Eles foram Franco(s) e o corpo frágil continua com uma esperança de ferro (a crónica do Sporting-Atalanta)

Apesar de mais um golo sofrido, com a quinta partida consecutiva a consentir golos naquela que é a pior fase da temporada nesse aspeto, o Sporting segurou o empate que deixa tudo em aberto para a segunda mão dos oitavos da Liga Europa e a Atalanta continua sem sofrer derrotas nesta edição da prova. Quer isso dizer que em termos históricos é uma boa notícia para os leões? Não, porque em 15 eliminatórias em que não foi além da igualdade na primeira mão em casa apenas seguiu em frente um terço das vezes (cinco). Sim, porque nas derradeiras três eliminatórias em que empatou em Alvalade a formação verde e branca conseguiu apurar-se para a fase seguinte, incluindo o triunfo após grandes penalidades em Londres com o Arsenal.

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Dos três encontros em 21 realizados na presente temporada em casa que não terminaram com uma vitória dos leões, dois foram contra a Atalanta, única equipa capaz de ganhar em Alvalade. No entanto, apesar da terceira igualdade nos últimos cinco compromissos, o Sporting não perde há dez jogos consecutivos desde o desaire por 3-2 em Guimarães e sofreu somente uma derrota nas derradeiras 19 partidas. Números que dão esperança aos verde e brancos para o que falta na temporada mas que não apagam aquele que voltou a ser o principal calcanhar de Aquiles do conjunto comandado por Rúben Amorim: o desgaste físico.

“Já estamos a baixar muito o ritmo desde o último jogo e, quando baixamos intensidade e ritmo, e não é porque os jogadores querem mas porque não estamos com capacidade de manter o nível de dinâmica, sente-se muito. Levamos a eliminatória para Itália. Esperamos recuperar mais os jogadores e ter pelo menos três dias entre os jogos. Já se sentiu no jogo anterior e hoje voltou a sentir-se algumas faltas de energia. Tivemos alguma sorte com as três bolas no poste, também mandámos uma, mas estamos na eliminatória e vamos ver em Itália”, começou por comentar o técnico na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Calendário apertado? Obviamente que preocupa porque não há volta a dar, a equipa sente muito. Uma coisa são três dias entre jogos, outra são dois. Sente-se a equipa cansada mesmo rodando mas estamos dentro das provas todas. Hoje, às vezes, senti que era mais sobreviver do que jogar e dividir a eliminatória. Agora, para jogarmos melhor em Bérgamo, só precisamos de recuperar um pouco melhor. Vamos com a eliminatória viva, não há golos fora e jogamos sempre para ganhar. Está tudo em aberto”, prosseguiu o treinador, antes de explicar a condição de suplentes de Gyökeres e a estreia como titular de Koba Koindredi.

“Só quem não viu o jogo com o Farense é que não viu que o Gyökeres estava no limite, perdeu quase todos os duelos individuais. Estamos a rodar toda a gente para jogar toda a gente, para que possamos estar em todas as competições. Koba? Viu-se qualidade a sair com bola, a ter bola, algumas vezes relaxado talvez porque isto é um nível diferente”, completou Rúben Amorim, que terá agora 72 horas de descanso até ao próximo compromisso do Sporting para o Campeonato com uma deslocação ao terreno do Arouca.