Houve um antes e um depois naquilo que foi a temporada do Barcelona a partir do dia 27 de janeiro, quando o Villarreal se deslocou ao Olímpico de Montjuïc para assinar uma das derrotas mais pesadas e humilhantes dos catalães na presente época. No final dessa partida, quando como uma tentativa de aliviar a pressão que existia à volta da equipa, Xavi Hernández deu o passo em frente e anunciou na conferência de imprensa a saída no final de 2023/24, quase que a desejar que não pedissem uma cabeça que o próprio tinha “cortado”. Ainda assim, e nesse momento, o antigo capitão e campeão pelos blaugrana chegou também a um limite em relação ao que considerou ser uma campanha contra as suas capacidades enquanto treinador para um clube que durante vários anos liderou em campo. A ideia prolongou-se depois aos próprios jogadores.

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A forma como os jogadores do Barça enfrentaram a “final” contra o Nápoles após um empate que soube a pouco em Itália foi um exemplo paradigmático disso mesmo. No bom e no mau. Com Lamine Yamal mais uma vez a passear classe em campo, o Barcelona necessitou apenas de três minutos para ganhar um avanço de dois golos, com Fermín López a aproveitar mais uma assistência do jovem de 16 anos para inaugurar o marcador (15′) e João Cancelo a aventurar-se no ataque para fazer a recarga de um remate ao poste numa transição de Raphinha e marcar o 2-0 (17′). A eliminatória estava bem encaminhada mas, entre nova exibição prometedora de Pau Cubarsí no eixo recuado, os erros foram-se sucedendo com Rrahmani a aproveitar um deles para reduzir (40′) e o sentimento de incerteza voltar a varrer um Estádio Olímpicos desta vez lotado.

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Esse é um dos problemas da atual versão do Barcelona. Tão depressa anda aos saltos de euforia pelo que vai conseguindo fazer em termos ofensivos como entra numa espécie de depressão quando os erros defensivos se vão acumulando mesmo que Ter Stegen consiga muitas vezes disfarçar essas lacunas com defesas de “gato” a evitar males maiores. Foi isso que voltou a acontecer no segundo tempo, com Lewandowski a fazer o 3-1 nos minutos finais a concluir uma grande jogada coletiva pela esquerda com assistência de Sergi Roberto (83′) e Jesper Lindstrom a falhar logo de seguida o mais difícil com um desvio de cabeça sozinho na área ao lado que poderia ter mantido a incerteza até ao fim. Os catalães estavam mesmo confirmados nos quartos da Liga dos Campeões quatro anos depois, num feito que Xavi Hernández fez questão de apontar à imprensa.

“Estou muito contente porque fizemos um grande jogo completo. Dominámos em muitos momentos o jogo. Já disse várias vezes que os meus jogadores dariam o passo em frente com a minha decisão e aquilo que vejo é que, quatro anos depois, estamos entre os oito melhores da Europa. As pessoas não acreditavam, diziam que ia perder o balneário, que não iam dar o passo em frente. Recebi muitas críticas injustas. Andam a fazer demasiada pressão sobre os jogadores. Parecia que havia um ultimato. Foi o que lhes disse, que ninguém ia morrer. Chegaram a dizer que éramos os bobos da Champions. E agora, o que fazem com os bobos? Até diziam que se não ganhasse estava na rua, está escrito. E agora?”, apontou o treinador catalão.

Entre os vários destaques do Barça, sobretudo os três mais novos da formação (Lamine Yamal, Pau Cubarsí e Fermín López), João Cancelo voltou a deixar marca ao longo dos 90 minutos: com mais um golo marcado, o internacional português emprestado pelo Manchester City reforçou a posição de único defesa com mais de dez participações em golos nas últimas quatro temporadas de Liga dos Campeões entre cinco golos e nove assistências e também as condições para que no final da época fique em definitivo na Catalunha.