De um lado havia Silvino, Aldair, Valdo, Jonas Thern, Mats Magnusson, Vítor Paneira e Veloso, entre outros, naquela que foi a última equipa do Benfica a chegar a uma final da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1990. Do outro, um desfile ainda maior com Francescoli, Chris Waddle, Deschamps, Papin, Tigana, Sauzée ou Mozer, naquela que foi a base da primeira equipa do Marselha a chegar a uma final da Taça dos Clubes Campeões Europeus em 1991. Entre tantos nomes, há um que ganha a todos quando se recua até ao primeiro confronto entre os dois conjuntos: Vata. O avançado angolano, que esteve três anos na Luz após destacar-se no Varzim, foi o autor do golo decisivo na segunda mão das meias-finais da principal competição europeia de clubes que não mais foi esquecido pelos dois conjuntos por… ter sido marcado com a mão.

Um “brinde” nos quartos com o Marselha, a “fava” nas meias com o Liverpool (ou a Atalanta): o caminho do Benfica na Liga Europa

Nessa altura, o conjunto do sul de França era uma das melhores equipas no Velho Continente e assim seguiu, dominando não só em termos internos mas também na Taça dos Campeões Europeus naquele que foi o ponto alto da história do Marselha que teve como ponto alto a vitória na final de 1993 frente ao AC Milan (com a curiosidade de o golo decisivo ter sido marcado por Basile Boli, antigo central que esta sexta-feira foi o representante dos gauleses no sorteio dos quartos da Liga Europa). Os franceses tocavam no céu mas em breve chegariam ao inferno: na sequência de um caso de corrupção num jogo com o Valenciennes, em que um jogador do Marselha terá aliciado adversários para facilitarem a vitória e sobretudo evitarem lesões antes da final da Champions, o clube desceu de divisão e só regresso ao convívio dos grandes dois anos depois.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mais tarde, quando Didier Deschamps assumiu o comando técnico da equipa pela qual tinha sido antes campeão europeu como capitão, o Marselha voltou a ser grande. Foi-se aproximando dos lugares cimeiros da Ligue 1, sagrou-se novamente campeão francês em 2009/10 mas não conseguiu dar continuidade a todo esse sucesso, ficando quase “preso” entre o domínio com sete títulos consecutivos do Lyon e a nova era aberta pelo PSG que teve duas exceções com Mónaco e Lille mas não impediu que o conjunto da capital se tornasse o mais vitorioso de sempre da Ligue 1 com 11 campeonatos, mais um do que… o Marselha.

A atual temporada é um bom exemplo da crise de identidade que o clube presidido pelo antigo diretor de scouting Pablo Longoria atravessa: depois do terceiro lugar na Ligue 1 com Igor Tudor no comando, a equipa foi eliminada na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões (caindo assim para a Liga Europa), vai no terceiro treinador da época com Jean-Louis Gasset no cargo que começou por ser de Marcelino Toral e que já passou por Gennaro Gattuso, ocupa o sétimo lugar do Campeonato e já foi protagonista de inúmeros casos extra futebol, do ataque ao autocarro do Lyon à chegada ao Velódrome às ameaças de morte ao presidente. Nesta fase, a Liga Europa acaba por ser uma espécie de tábua de salvação para a temporada numa prova em que já foi finalista vencido em três ocasiões nos últimos 25 anos (1998/99, 2003/04 e 2017/18).

Em termos europeus, e depois da derrota na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões com os gregos do Panathinaikos após desempate por grandes penalidades, o Marselha foi o segundo no grupo B da Liga Europa com 11 pontos, atrás do Brighton mas à frente de Ajax e AEK Atenas, e passou depois o Shakhtar no playoff de acesso aos oitavos da Liga Europa com um empate em Hamburgo e uma vitória caseira por 3-1. Na última ronda, os franceses acabaram por fazer imperar a goleada com o Villarreal de Marcelino Toral na primeira mão (4-0) mas ainda apanharam um susto em Espanha com o 3-0 do adversário aos 86′ antes de Clauss fazer o 3-1 final nos descontos que “acalmou” o conjunto gaulês que tem Pierre-Emerick Aubameyang como principal figura de um plantel onde constam o central ex-FC Porto Chancel Mbemba.

“Bom sorteio para o Marselha? Nunca há bons sorteios. O Benfica é clube habituado às competições europeias. Foi campeão português no ano passado, pelo que esperamos um grande jogo para os nossos adeptos. Será uma repetição do Benfica-Marselha da década de 90. Temos de recear o Benfica porque saiu da Liga dos Campeões. Eliminou o Toulouse nos oitavos de final, pelo que é uma equipa com grandes valores. É um clube que faz parte da elite do futebol mundial, respeitamos o adversário. Vamos entrar em campo com as nossas armas e tentar deixar claro que o Marselha tem um lugar na competição”, referiu Boli ao Canal +.