Os CTT lucraram, em 2023, 60,5 milhões de euros, mais 66% que no ano anterior. Anunciaram, em comunicado, a intenção de entregar aos acionistas 35% dos resultados sob forma de dividendos (pagando 17 cêntimos por ação), remuneração à qual se junta a eliminação de ações próprias de até 5,3% do capital a propor na assembleia-geral. O programa de compra de ações próprias é uma remuneração acionista, na medida em que a eliminação de ações diminui os títulos disponíveis no mercado e, como tal, permitem teoricamente uma valorização em mercado de cada ação.

O correio tradicional continua em queda, tendo, no conjunto do ano, reduzido os proveitos em 26,8%, para 434,1 milhões de euros, mas a empresa explica que a queda se deveu a fatores que empolaram as receitas em 2022 como é o caso do projeto de venda de computadores e das eleições legislativas que obrigou, em 2022, à repetição do escrutínio no círculo da Europa. Sem esses fatores, diz a empresa, os rendimentos do segmento de correio teria ficado estável com uma queda de apenas 0,4%.

No quarto trimestre, este negócio caiu 4,4% ficando nos 111 milhões de euros. Pelo que, pela primeira vez na história dos CTT, o segmento de Expresso e Encomendas “foi o negócio que mais contribuiu para as receitas e para o EBIT [resultados antes de impostos e juros ou resultado bruto] recorrente”. As duas operações, quer em Portugal quer em Espanha, geram rentabilidade positiva atualmente.

Esta área teve, assim, no conjunto do ano rendimentos de 340,6 milhões de euros, mais 81,6%, o que a empresa diz que é explicado pelo crescimento do tráfego em Espanha e em Portugal, “beneficiando de ganhos de quota de mercado e do aumento da adoção do e-commerce“. Os CTT veem margem de crescimento, ainda, nesta área até pelo menos nível de adoção de Portugal e Espanha, face a parceiros europeus. Assim, os Correios esperam que o expresso e encomendas e o Banco CTT sejam os vetores de crescimento estrutural.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O Banco CTT, que vai ter a Generali Tranquilidade no capital — mas cuja entrada ainda não foi concretizada –, teve um total de rendimentos de 147,7 milhões de euros em 2023, tendo crescido em créditos e em depósitos que, no final de 2023, atingiram 3.091 milhões de euros. A margem financeira atingiu os 98,8 milhões, acrescentando a empresa que “os juros recebidos aumentaram 51,7 milhões face a 2022, beneficiando da subida das taxas de juro e do crescimento de volume. Os juros pagos aumentaram 27,3 milhões face a 2022 devido ao aumento das taxas de remuneração dos depósitos dos clientes e securitizações de crédito automóvel”.

No final de 2023, o Banco CTT tinha 647 mil contas. E garante encontrar-se “bem posicionado para atingir os objetivos de 2025, divulgados em setembro de 2023” — atingir 700 a 750 mil contas; crescer em recursos captados e em crédito concedido para um volume acima de 7 mil milhões (face aos 5,8 mil milhões de 2023); melhorar a rentabilidade com resultados antes de impostos entre 25 e 30 milhões. Em 2023, os resultados antes de impostos foram de 21 milhões.

Já no negócio de serviços financeiros e retalho, onde está a componente de venda de certificados de aforro, e depois de um primeiro semestre em 2023 muito forte, o segundo semestre, e depois da alteração das condições de venda pelo Estado, já mostrou menos colocações, o que continuou no primeiro trimestre. Aliás, está mesmo abaixo do que se registava de forma habitual. Para este ano o Governo autorizou o IGCP a colocar até 7 mil milhões de euros. 

Emissão de certificados de aforro com limite de 7.000 milhões de euros em 2024

Nas mudanças efetuadas à nova série de certificados de aforro o Governo decidiu limitar a subscrição a um valor de 50 mil euros, contra os anteriores 250 mil euros.

Quanto rendem os novos certificados de aforro? E vai (mesmo) poder investir através dos bancos?

CTT guardaram dinheiro para indemnizar saída de 200 trabalhadores em 2024

Os gastos operacionais atingiram, em 2023, 907 milhões de euros, tendo os custos com pessoal atingido 382 milhões de euros. Durante 2023 foram destinados mais 21,3 milhões de euros para acordos de suspensão de contratos, além de assumir poupanças de 38,7 milhões pelas alterações das condições ao plano de ação social. Dos 21,3 milhões de euros registados em 2023 nas contas para saídas de trabalhadores algumas já se verificaram em 2023 — um total de 116 pelo custo de 7,9 milhões — destinando-se um gasto de 13,4 milhões pela saída a realizar, em 2024, de 200 trabalhadores.

No final de 2023, o número de trabalhadores dos CTT era de 13.670, sendo 11.386 efetivos e 2.285 com contratos a prazo.

Para este ano, a empresa traça como objetivo “continuar a crescer com as receitas consolidadas a aumentarem em um dígito médio”. Já no que toca ao EBIT recorrente, os CTT reviram em alta a projeção para este ano para os 88 milhões de euros, face aos 85 milhões de guidance anterior.