O Governo disponibilizou 6,5 milhões de euros para comprar novos computadores para os alunos poderem realizar as provas digitais, mas os diretores das escolas alertam que poderá ser tarde demais.

Na quinta-feira, o Governo aprovou em Conselho de Ministros a disponibilização de mais de 6,5 milhões de euros para comprar novos computadores de forma a garantir que todos os alunos terão equipamentos para realizar as provas nacionais em formato digital.

Em causa estão os alunos dos 2.º, 5.º e 8.º anos, que em maio começam as provas de aferição, e os estudantes do 9.º ano que em junho têm pela frente os exames nacionais.

Desde o ano passado que pais e diretores têm alertado para um aumento gradual de computadores avariados, que vão ficando nas escolas por falta de garantia e de quem os arranje e o Ministério da Educação decidiu agora disponibilizar uma verba para substituir os equipamentos estragados.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Professores denunciam novos problemas informáticos para realizar provas digitais

O presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, saúda a disponibilização das verbas, mas alerta que chegam tarde.

“Dinheiro para reparar computadores ou comprar novos é sempre bem-vindo, nem que seja para usar no próximo ano”, disse à Lusa Manuel Pereira, explicando que a administração pública tem de cumprir regras: “Temos de lançar concursos e tudo isso tem prazos. Não podemos ir ao centro comercial comprar os computadores em falta”.

O representante dos diretores escolares alertou para outros problemas, que considera serem mais graves, até porque, no limite, as escolas poderiam usar os seus computadores ou pedir a alguns alunos que emprestassem os equipamentos a quem não tem.

Manuel Pereira lembrou a falta de técnicos informáticos para ajudar os alunos e até os professores: “Num agrupamento com 700 alunos, com escolas espalhadas, temos um ou dois professores de informática”, exemplificou.

Além disso, acrescentou, a maioria das crianças e jovens sabem usar telemóveis e iPads “mas para jogar ou estar nas redes sociais, não para fazer trabalhos e, por isso, boa parte dos alunos passa mais tempo a tentar perceber como é que as coisas funcionam e vez de estarem a responder às perguntas”.

“A escola é um espaço onde se aprende a Democracia e não podemos avançar com situações em que a equidade não é garantida, em que há crianças que têm capacidade para usar computadores e outros não”, disse, salientando o facto de as provas do 9.º ano terem um peso de 30% na nota final do ano.

A cerca de dois meses do arranque das provas de aferição e dos exames nacionais, têm sido constantes os alertas de professores para a falta de condições para realizar provas digitais: Além de milhares de equipamentos estragos, há problemas de rede de Internet em muitas escolas e faltam informáticos.

Muitas vezes, são os professores de informática quem acaba por dar apoio e resolver os problemas, mas estes docentes anunciaram que em 8 de abril vão entrar em greve à manutenção de equipamento e ao apoio técnico durante as provas digitais.

Também a Confederação Nacional de Pais tem defendido a necessidade de repensar a forma como vai ser garantida a equidade durante os exames digitais.

O ministério da Educação decidiu levar a cabo um projeto de desmaterialização das provas e exames nacionais, tendo começado de forma gradual com as provas de aferição. Este ano, o projeto chega a todos os alunos que realizam provas de aferição e exames nacionais e, no próximo ano, deveria ser a vez dos alunos do 11.º e 12.º anos fazerem os exames nacionais em formato digital.