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Uma ponte em Baltimore, no estado de Maryland, desabou na madrugada desta terça-feira, cerca das 1h28 locais (5h28 em Portugal continental), após um navio de carga ter colidido com um dos seus pilares. Uma pessoa, das duas que foram resgatadas das águas pelas autoridades, morreu no hospital. As outras seis, que se encontravam desaparecidas e a ser objeto de buscas por parte das autoridades, foram esta noite dadas como mortas.

Na terça-feira, as autoridades de Baltimore ainda tinham em curso uma operação de busca e salvamento por seis trabalhadores da construção civil, que se encontravam a trabalhar no meio da ponte e que caíram ao rio na sequência do embate do navio. Contudo, na noite de terça-feira, já de madrugada em Portugal, as autoridades norte-americanas confirmaram a suspensão das buscas ativas e deram os seis trabalhadores como presumivelmente mortos.

Nesta altura, não acreditamos que possamos encontrar qualquer um destes indivíduos ainda com vida“, confirmou numa conferência de imprensa noturna um responsável pela Guarda Costeira dos EUA, Shannon Gilreath, que também confirmou que as buscas terminaram. Gilreath explicou que as razões pelas quais seria impossível encontrar os trabalhadores com vida prendem-se com o tempo decorrido desde o acidente e a temperatura da água.”

De acordo com as autoridades norte-americanas, estava programado um regresso dos mergulhadores às águas pelas 6h de quarta-feira (11h em Lisboa) para tentar recuperar os corpos.

Já tinha sido avançado pelo diretor de comunicação dos bombeiros de Baltimore, Kevin Cartwright, de que estavam vários funcionários a colocar betão na ponte à hora da colisão. O secretário esclarece agora que as autoridades acreditam que oito caíram, sendo que dois foram resgatados no início da manhã (um deles morreu), como referido anteriormente pelo chefe da polícia de Baltimore, James Wallace.

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“Uma pessoa recusou o serviço e o transporte, pois não ficou ferida. Outra, no entanto, foi transportada para um centro de trauma local e que se encontra em estado muito grave”, disse o chefe da polícia, após o resgate, citado pela BBC.

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O secretário do Departamento de Transportes de Maryland, Paul Wiedfeld, afirmou ainda que os operários estavam a “reparar buracos” que “nada tinham a ver com problemas estruturais”. A ponte estava “totalmente em conformidade com as normas”, reforçou o governador de Maryland, Wes Moore.

Não foram registados feridos no navio que colidiu com o pilar, após ter “perdido propulsão” ao sair do porto de Baltimore, revelou um relatório não classificado Agência de Cibersegurança e Segurança de Infraestruturas.

As autoridades de Maryland já encontraram cinco carros, um camião de cimento e também outra viatura, que ainda está debaixo de água. Segundo o chefe da polícia, há oito equipas de mergulhadores no local a conduzir as operações de resgate, cita a CNN Internacional.

Ainda não há conhecimento sobre o número de automóveis que circulava na ponte no momento do colapso, mas os bombeiros acreditam que “certamente havia um grande reboque de trator“.

O diretor da polícia disse também que as autoridades “detetaram a presença de viaturas na superfície da água“, acrescentando não saber quantas.

“Estamos em comunicação com a Guarda Costeira”, sublinhou, dizendo que as buscas pelas pessoas ainda desaparecidas vão continuar e “que ainda vão durar algum tempo”.

“Temos uma grande área onde procurar. Isto inclui a superfície da água, assim como todo o convés do próprio navio”, acrescentou.

Um vídeo em direto no Youtube mostra o momento em que o navio de carga embateu com a ponte, que foi inaugurada em 1977, levando imediatamente ao seu desabamento no rio.

Navio “perdeu propulsão” ao sair do porto e tripulação avisou autoridades de “possível colisão”

A Guarda Costeira dos Estados Unidos revelou à CBS News que o navio de carga que embateu com a ponte tinha a bandeira da Singapura e media aproximadamente 288 metros de comprimento. A embarcação, chamada Dali, tinha partido de Baltimore com destino ao Sri Lanka, uma viagem que demoraria cerca de 27 dias.

A empresa proprietária do Dali, Synergy Marine Group, confirmou, em comunicado enviado ao New York Times, a colisão do navio, tendo afirmado que conseguiram identificar todos os membros da tripulação, incluindo os dois pilotos, e que não houve feridos.

Navio que embateu com ponte nos Estados Unidos já tinha colidido com porto na Antuérpia

“Embora a causa exata do incidente ainda não tenha sido determinada, o Dali já mobilizou o seu serviço de resposta a incidentes individuais qualificados”, escreveu, acrescentando estar a cooperar com as autoridades locais.

Um relatório não classificado da Agência de Cibersegurança e Segurança de Infraestruturas disse horas depois que o navio “perdeu propulsão” quando estava a sair do porto e que a tripulação avisou as autoridades da possível colisão. Mais tarde, o governador de Maryland confirmou esta informação.

“A embarcação notificou o Departamento de Transportes de Maryland (MDOT) de que tinha perdido o controlo da embarcação e que era possível uma colisão com a ponte“, refere o relatório, citado pela ABC News. “A embarcação embateu provocando um colapso total.”

A Autoridade Portuária de Singapura referiu também que o navio “largou as âncoras” – algo que faz parte do protocolo de emergência –, de forma a tentar evitar colidir com a ponte, cita a Sky News.

As autoridades já tinham referido que podia ter havido um problema com o navio, tendo imediatamente descartado indícios de terrorismo. “Não há absolutamente nenhuma indicação de que se trate de terrorismo”, disse o chefe da polícia.

O governador de Maryland, Wes Moore, reforçou esta ideia na segunda conferência de imprensa do dia, iniciada perto das 14h, dizendo que a investigação preliminar aponta para que a colisão tenha sido causada por um acidente.

“Reconheço que muitos de nós estão a sofrer neste momento. Os nossos corações estão destroçados”, disse, citado pela Sky News, dirigindo-se às vítimas e às suas famílias. “Estamos a pensar em vocês e vamos continuar a fazê-lo”.

Também o senador Chris van Hollen participou da conferência, para dizer que vai ser aberta uma investigação para perceber as causas do incidente, que vai ser conduzida pela Direção Nacional de Segurança de Transporte.

“Estamos convosco, amavo-mos e vamos passar por isto juntos”, frisou o senador.

Na conferência de imprensa dada esta manhã, o chefe da polícia foi ainda questionado sobre uma informação dada horas após o colapso pelo diretor de comunicação dos bombeiros de Baltimore, Kevin Cartwright, de que havia muito combustível na água à volta do navio. James Wallace disse que, apesar de já haver várias pessoas a queixarem-se do cheiro a gasolina, ainda não consegue confirmar que tenha havido um “derrame”.

“Assim que amanhecer, esperamos conseguir perceber se houve um derrame de combustível e qual o seu impacto”, disse.

Governo garante estar a fazer tudo o que pode para minimizar “tragédia impensável”. Biden fala em “acidente terrível”

Em conferência de imprensa, o Presidente dos EUA, Joe Biden, classificou o embate como um “acidente terrível”, sublinhando os relatórios de outras agências que indicam que o incidente não foi intencional.

“Até agora tudo indica que se tratou de um acidente terrível. Neste momento, não temos qualquer outra indicação. Nenhuma outra razão para acreditar que tenha havido um ato intencional”, disse Biden, deixando uma garantia: “Vamos reconstruir esse porto juntos”.

O presidente da Câmara de Baltimore, Brandon M. Scott, também falou, tendo-se referido ao incidente como “uma tragédia impensável” e assegurado que o governo está a fazer tudo para resgatar as pessoas que caíram à água.

“Temos de pensar nas famílias e nas pessoas afetadas, nas pessoas que temos de tentar encontrar. É nisso que nos devemos concentrar neste momento, vamos continuar a trabalhar em parceria com todas as partes do governo para fazer tudo o que pudermos para nos ajudar a ultrapassar esta tragédia”, assegurou, citado pela BBC.

Já quando questionado sobre se a ponte podia ser reconstruída, M. Scott rejeitou a pergunta, dizendo “agora temos pessoas na água que temos de resgatar”.

Mais tarde, o autarca decretou estado de emergência com a duração de 30 dias, como resposta ao colapso da ponte. “As nossas equipas estão a mobilizar recursos e a trabalhar rapidamente para enfrentar esta crise e garantir a segurança e o bem-estar da nossa comunidade”, escreveu no X.

A Autoridade de Transporte de Maryland lançou um alerta, através da rede social X, para os cidadãos evitarem o “corredor sudeste da autoestrada 695, devido ao colapso da ponte, na sequência da colisão de um navio”, tendo informado ainda que o trânsito foi encerrado em ambos os sentidos.

O governador de Maryland, Wes Moore, também decidiu decretar estado de emergência, tendo dito estar a “trabalhar com uma equipa com várias agências para mobilizar rapidamente recursos federais da administração Biden”, escreveu no X.

O secretário do Transporte dos Estados Unidos, Pete Buttigieg, disse, no início da manhã, já ter falado com o governador de Baltimore e com o presidente da Câmara, tendo “enviado apoio na sequência do embate do navio e da queda da ponte Francis Scott Key”.

“Os esforços de salvamento continuam em curso e os condutores da zona de Baltimore devem seguir as orientações das autoridades locais em matéria de desvios e resposta”, escreveu no X.