Se Portugal já tinha uma taxa muito baixa de mortalidade infantil, a pandemia de Covid-19 veio ajudar a reduzir ainda mais essa realidade. Foi nos anos de 2020 e 2021 que este indicador atingiu os valores mais baixos de que há registo, escreve o Público, citando dados de um estudo publicado na Acta Médica Portuguesa.

Os autores da investigação analisaram os dados mensais da mortalidade de crianças até um ano, entre 2016 e 2022, e concluíram que foi nos meses de Setembro e Outubro de 2021 que o indicador atingiu os valores mais baixos: 2,15 e 2,14 mortes por mil nados-vivos, uma valor nunca alcançado antes. A análise revelou “uma diminuição consistente da taxa de mortalidade infantil durante a pandemia de covid-19″. Com o fim das restrições sanitárias, a tendência inverteu-se, sobretudo a partir do último trimestre de 2022, adiantam os autores do estudo.

Taxa de mortalidade infantil em 2020 foi a mais baixa de sempre em Portugal

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A explicação para os baixos valores de mortalidade infantil registados durante a pandemia está baseada em vários fatores, desde logo nas restrições sanitárias impostas desde 2020. Os investigadores admitem que o uso obrigatório de máscara, o distanciamento social e o encerramento de escolas tenham contribuído para uma diminuição das doenças infeciosas — que são das principais causas conhecidas de malformações e doenças congénitas, e que podem levar à morte no primeiro mês de vida.

Outra justificação pode ter a ver com diminuição da prematuridade, e sobretudo da prematuridade extrema, que aumenta de forma significativa o risco de morte.

Ao contrário do que aconteceu com a mortalidade total (que esteve crescendo com a pandemia), a mortalidade infantil registou um decréscimo, não só em Portugal como em todo o mundo, sublinham os autores do estudo, que foi coordenado por Paulo Nogueira, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

Taxa de mortalidade infantil aumentou em 2022

A taxa de mortalide infantil em Portugal tem vindo a cair de forma sucessiva desde os anos 60, quando chegava aos 88 óbitos por cada mil nados vivos. Em 2013, eram de 2,94 e, na última década a tendência de descida continuou. Em 2019, era 2,8 mortes; em 2020, caiu para as 2,44 e em 2022 atingiu o valor anual mais baixo: 2,40. Em 2022, registou-se um ligeiro aumento, para 2,6 mortes por cada mil nados vivos. Nesse ano registaram-se 217 óbitos de crianças até um ano, mais 26 do que em 2021.