A coordenadora do BE manifestou-se esta segunda-feira contra o regresso do serviço militar obrigatório, considerando que “não existe qualquer consenso” sobre o assunto, e apelou a que seja criada uma carreira para os bombeiros.

Em conferência de imprensa na sede nacional do BE, em Lisboa, no final de uma reunião com a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Mariana Mortágua foi questionada sobre um eventual regresso do serviço militar obrigatório, após os chefes do Estado-Maior da Armada e do Exército terem pedido que se reequacione essa possibilidade.

O BE afasta essa possibilidade, ela aliás foi afastada em Portugal há alguns anos e penso que não existe qualquer consenso para que regresse”, respondeu.

A líder do BE sublinhou que o assunto foi abordado durante a campanha e não lhe pareceu “que exista, da maior parte dos partidos, qualquer vontade para reinstituir o serviço militar obrigatório em Portugal”.

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Sobre a sua reunião com a LBP, Mariana Mortágua considerou que há um conjunto de reivindicações dos bombeiros que “têm vindo a ser arrastadas”, salientando que “o caso mais polémico, e que foi resolvido há pouco tempo, diz respeito ao pagamento do trabalho da emergência médica e utilização de ambulância no transporte de doente”.

No entanto, a líder do BE sublinhou que “persistem outras questões”, que correspondem igualmente a compromissos do partido nesta legislatura, em particular no que se refere “às carreiras dos bombeiros”.

“Uma parte deste serviço é prestado por voluntários, outra parte já não é prestada por voluntários e é bom que assim seja, porque são bombeiros profissionais. Apesar disso, não há uma carreira, o que torna muito difícil atrair novas pessoas para esta profissão”, salientou, acrescentando ainda que há um “défice no financiamento dos bombeiros”, o que coloca em causa a sustentabilidade da profissão.

Por sua vez, o vice-presidente da LBP Eduardo Correia disse que associação iniciou com o BE uma ronda de reuniões com todos os partidos políticos, que visam transmitir as “preocupações maiores” dos bombeiros portugueses.

Eduardo Correia defendeu que a maior preocupação “é a questão da carreira dos bombeiros”, referindo que há várias categorias profissionais que têm vindo a reivindicar melhores condições na carreira, e os bombeiros não o fazem porque “pura e simplesmente não há carreira”.

O vice-presidente da LBP defendeu que é preciso criar uma carreira de bombeiros para “estabilizar os que existem e encontrar forma de não os deixar fugir para outras entidades”, mas também para atrair mais pessoas para o setor.

Eduardo Correia advertiu que os bombeiros não têm as armas que a GNR, PSP, INEM e ICNF “têm para oferecer uma carreira”, pelo que é importante não deixar que os profissionais que querem seguir essa profissão não “fujam para outras entidades”.

Interrogado se tem algum exemplo de tipo de carreira que os bombeiros gostariam de ter, Eduardo Correia deu o exemplo da carreira pré-hospitalar no INEM ou dos sapadores florestais do ICNF.

Esta sexta-feira, num artigo no Expresso, o Chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, afirmou que pode vir a ser necessário “reequacionar o serviço militar obrigatório, ou outra variante mais adequada”, de forma a “equilibrar o rácio despesa/resultados” e “gerar uma maior disponibilidade da população para a Defesa”.

Esta posição foi também partilhada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, Eduardo Ferrão, que, em declarações ao Expresso, defendeu que “uma reintrodução do serviço militar obrigatório justifica-se ser estudada e avaliada sob várias perspetivas”.