A pouco mais de três quilómetros de Troia, um barco transportava este domingo de manhã cinco pessoas — uma criança de 11 anos, o seu pai, de 45 anos, dois irmãos de 21 e de 23 anos e outro homem de 62 anos, que conduzia a embarcação. Por volta das 7h da manhã, o barco naufragou, devido a um golpe de mar, e todos os passageiros, que estavam no mar para pescar, foram cuspidos para a água. A criança seria a única que vestia um colete salva-vidas.

Um vídeo partilhado pelo grupo de mergulho forense da Polícia Marítima mostra a embarcação no fundo do mar.

As autoridades só foram alertadas às 10h da manhã e pouco tempo depois foi possível resgatar com vida o homem que conduzia o barco, revelou a Autoridade Marítima Nacional, em comunicado. E entre embarcações e mergulhadores da Polícia Marítima e um helicóptero da Força Aérea, as autoridades conseguiram encontrar a criança de 11 anos e um dos jovens de vinte anos, cuja identidade não foi revelada — ambos mortos e junto ao barco que naufragou. Inicialmente foi referido que a criança tinha 13 anos, mas a análise dos documentos de identificação revelou que tinha, afinal, 11 anos.

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Autoridade Marítima Nacional: “Buscas continuam com ajuda da Marinha Portuguesa”

O corpo da criança foi localizado por uma das lanchas da Polícia Marítima e foi o helicóptero da Força Aérea que conseguiu localizar o corpo do homem, que, segundo disse ao Observador o capitão do Porto de Setúbal e comandante-local da Polícia Marítima, Serrano Augusto, é um dos irmãos. Por volta das 14h20 estavam “a ser recuperados” da água os corpos que foram levados para o Instituto de Medicina Legal do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

O sobrevivente de 62 anos prestou declarações à polícia marítima. “Das declarações já apresentadas pelo timoneiro, que é o proprietário da embarcação, terá sido surpreendido por um golpe de mar”, explicou à Lusa o capitão do Porto de Setúbal, Serrano Augusto. “A tentar guinar, houve uma ondulação que lhe virou a embarcação”, disse Serrano Augusto, que também é comandante-local da Polícia Marítima.

Os ocupantes do barco “são todos da zona de Grândola, moram na mesma rua”, explicou ainda Serrano Augusto.

O responsável indicou aos jornalistas, em declarações transmitidas pela CNN, que há um inquérito a decorrer, de acidente marítimo, que corre “nas competências do Capitão do porto” para avaliar as circunstâncias em que o acidente ocorreu, incluindo as características da embarcação. Além deste inquérito, há outro a decorrer no Ministério Público, acrescenta a CNN.

Esta segunda-feira, as buscas vão ser suspensas por volta das 20h30. Na terça-feira, serão alargadas a 15 quilómetros, segundo a Polícia Marítima. “Vamos alargar um bocadinho mais as buscas para as oito milhas náuticas, ou seja, cerca de 15 quilómetros, tanto para norte, como para oeste da posição” em que está sinalizado o naufrágio da embarcação, precisou Serrano Augusto, à Lusa. Esta decisão foi tomada porque, nos trabalhos efetuados até ao momento, “não houve relatos nenhuns de avistamentos, nem pelo pessoal envolvido nas buscas, nem por outras embarcações que navegam na zona”, justificou.

Assim, na terça-feira, “aos primeiros alvores do dia, às 07h30”, a operação vai ser reiniciada e deverá abranger uma zona “até ao sul da Praia da Comporta”. Os meios envolvidos vão ser “sensivelmente os mesmos” desta segunda-feira, embora o navio patrulha da Marinha NRP Viana do Castelo vá ser substituído pelo NRP Sines, indicou.

“Vamos contar com uma lança salva-vidas, um veículo todo-o-terreno, para percorrer o areal, e dois drones, um da Autoridade Marítima Nacional e outro do Centro de Experimentação Operacional da Marinha, que se vão revezar”, assinalou, referindo que estes meios envolvem o empenhamento de elementos da Polícia Marítima, da AMN e da Marinha Portuguesa.

Durante o dia de segunda-feira, as buscas continuaram, tendo sido encontrados vários objetos junto da embarcação, como uma geleira, que deverá pertencer à embarcação que naufragou. Também durante a tarde, o Grupo de Mergulho Forense, da Polícia Marítima, fez buscas junto à embarcação, mas, de acordo com as informações apuradas pelo Observador, terminaram sem sucesso e as duas pessoas desaparecidas ainda não foram encontradas.

À medida em que se realizavam os trabalhos, chegava também à zona das buscas o Gabinete de Psicologia da Polícia Marítima, que prestou apoio aos familiares que foram chegando.

As autoridades utilizaram drones do Centro de Experimentação Operacional da Marinha e as buscas foram interrompidas por volta das 20h30. Foram retomadas esta segunda-feira, por terra e mar, segundo revelou à Lusa o capitão do Porto de Setúbal. Começaram às 7h30, disse à Lusa o porta-voz da Autoridade Marítima Portuguesa (AMN).

“As buscas já começaram. Para já temos o NRP [navio patrulha] Viana do Castelo por mar, uma embarcação salva-vidas de Sesimbra, equipas da Polícia Marítima por terra e drones da AMN no ar”, indicou o porta-voz da AMN e da Marinha Portuguesa, comandante José Sousa Luís.

Questionado, no domingo, sobre não a utilização de meios aéreos nas buscas que começaram segunda-feira, o capitão Serrano Augusto explicou que “o grande esforço que se faz nas buscas é nas primeiras oito horas”.

“Neste momento, aquela área já foi varrida tantas vezes que a probabilidade de as pessoas não terem sido vistas é muito reduzida. Os corpos estiveram próximos da embarcação, o que leva a crer que não se afastaram muito”.

(Atualizada às 08h39 do dia 8 de abril com a informação do recomeço das buscas e às 19h45 com informação atualizada sobre o decorrer das operações)