Pelo menos 55 crianças morreram no naufrágio de uma embarcação de pesca em Nampula, norte de Moçambique, no domingo, e de 130 pessoas a bordo há registo de apenas 16 sobreviventes, disse à Lusa fonte da polícia.

Sobe para 98 o número de mortos em naufrágio no norte de Moçambique

“Temos 98 óbitos até ao momento e 16 sobreviventes. As buscas foram retomadas”, disse esta manhã à Lusa a porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Nampula, Rosa Chauque.

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Acrescentou que entre os 98 óbitos confirmados, 32 são do sexo masculino e 66 do sexo feminino. Entre estes, há 55 crianças, segundo os dados da PRM.

As vítimas morreram na sequência do naufrágio de uma pequena embarcação sobrelotada que saiu do posto administrativo de Lunga com destino à Ilha de Moçambique.

De acordo com as autoridades marítimas moçambicanas, a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros nem tinha condições para o efeito e as pessoas que transportava fugiam a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de cem metros desta costa.

O Governo moçambicano anunciou que vai reunir-se esta terça-feira para discutir medidas para “minimizar o impacto” deste acidente.

“O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, recebeu com profunda tristeza a notícia do naufrágio de uma embarcação que saía do posto administrativo de Lungo, no distrito de Mossuril, com destino a Nacala, que provocou a morte de mais de cem cidadãos”, lê-se num comunicado divulgado na segunda-feira pela Presidência da República.

O chefe do Estado enviou uma delegação governamental, liderada pelo ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, para prestar “ajuda aos sobreviventes, e seu encaminhamento, assim como para a investigação, a fim de se aferir as razões que deram origem a esta tragédia”, acrescenta a Presidência.

“Importa referir que, logo após o chefe do Estado ter tomado conhecimento desta tragédia, orientou as entidades provinciais a diversos níveis para mobilizar equipas de salvamento e de análise da situação. Mediante esta tragédia, o Governo moçambicano reunir-se-á amanhã [terça-feira] para avaliar a situação e tomar medidas necessárias para minimizar o impacto deste incidente”, refere-se no comunicado.

O ministro dos Transportes e Comunicações moçambicano anunciou na segunda-feira, num encontro multissetorial em Nampula para analisar este incidente, que as autoridades estão a fazer uma “reflexão” sobre este naufrágio, para “que isto nunca volte a acontecer”.

“Reflexão sobre o que aconteceu, o que não deve acontecer e como é que nos vamos posicionar daqui para a frente, para que o aconteceu não volte a acontecer. Estamos todos aqui para fazer essa reflexão”, afirmou Magala.

É necessário “trocar impressões sobre o que aconteceu e não deve acontecer daqui para a frente”, insistiu o governante, depois de manifestar solidariedade às famílias das vítimas do acidente.

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, oposição), Ossufo Momade, também se mostrou “profundamente consternado” com o naufrágio e pediu luto nacional. O mesmo já foi decretado por três dias.

“O Conselho de Ministros da República de Moçambique decidiu decretar luto nacional de três dias, a partir das 00:00 do dia 10 de abril de 2024 até às 24 horas do dia 12 de abril de 2024”, disse o porta-voz do Governo, Filimão Suaze, em conferência de imprensa após a sessão semanal do executivo.

“Durante o período de luto nacional, a bandeira nacional e o pavilhão presidencial serão içados a meia haste, em todo o território nacional e nas missões diplomáticas e consulares da República de Moçambique”, acrescentou Suaze.

O Conselho de Ministros decidiu ainda criar uma comissão de inquérito para aprofundar as circunstâncias, causas e responsabilidades em relação ao acidente e submeter recomendações ao Governo, avançou.

Em relação à desinformação sobre a cólera que levou a uma fuga das pessoas vítimas do naufrágio – com destino à Ilha de Moçambique -, o porta-voz do Governo defendeu a “intensificação” das campanhas de educação e sensibilização das comunidades sobre as causas e tratamento da doença.