Um livro, datado de 1682, encadernado com pele humana esteve em exposição na Feira Internacional de Livros Antigos de Nova York, no início do mês. O seu conteúdo é uma peça de teatro encenada em Paris e a pele é da falecida atriz que atuou no espetáculo. O livro está à venda por cerca de 42 mil euros.

A ideia partiu de um aluno de Medicina que estudava em Paris por volta de 1682, data em que o livro foi encadernado. O estudante de origem espanhola não “conhecia ninguém”, por isso costumava ir ao teatro, explica Ian Kahn, o livreiro da Lux Mentis, à Reuters.

A peça de teatro “Le Baron” destacou-se particularmente das que tinha visto. “Gostou tanto que comprou uma cópia em folhas de papel”, prossegue Kahn. Passado pouco tempo quando estava a realizar autópsias deparou-se com o cadáver da atriz, que atuou na peça, na sua mesa. O livreiro refere que na época a única forma de ir parar a uma mesa de autópsia ocorria quando um corpo não era reclamado. “Ele sabia que quando acabassem [a autópsia] ela ia para uma vala comum e ia estar perdida para sempre”.

O jovem quis então homenageá-la. E decidiu retirar parte da pele das suas costas para fazer a encadernação do livro. “Transformá-lo em pergaminho e encadernar o que é, muito provavelmente, a peça do último local onde ela atuou na sua pele”, conclui Kahn. O livro está avaliado em cerca de 42 mil euros (45 mil dólares).

Este não é o único livro encadernado com pele humana. O Projeto dos Livros Antropodérmicos, que analisa este tipo de composições estima que existam cerca de 18 livros encadernados com pele humana, noticiou o The Washington Post. No início deste mês, a universidade de Harvard retirou a pele humana a um livro guardado na sua biblioteca. A encadernação do livro francês, do século XIX, sobre o destino da alma humana, era feito da pele das costas de uma doente psiquiátrica e era usado para praxes a alunos.

Texto editado por Dulce Neto

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