Houve um primeiro momento em que o Sporting tinha um maior ascendente, seguiu-se um período em que o Benfica não dava a mínima hipótese, agora chegou-se a um ponto de “maturidade”. Olhando para aquilo que têm sido os dérbis entre os rivais ao longo dos anos, a presente temporada trouxe aquele sinal como talvez nunca se tenha visto: as águias podem ter um plantel com maior profundidade até por jogarem a Liga dos Campeões, as leoas podem beneficiar de um calendário menos denso que permite preparar os encontros de outra formas mas qualquer uma pode ser superior e ganhar o jogo. Este domingo, desta vez a contar para a segunda mão da meia-final da Taça de Portugal, era isso que voltava a estar em cima da mesa, com essa vantagem encarnada pela margem mínima conseguida no Seixal na primeira parte da eliminatória.

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“Seria muito bom se conseguíssemos ir ao Jamor, que é um lugar especial, ao mesmo tempo que a equipa masculina. Sabemos que vai ser um jogo muito difícil e que partimos em desvantagem mas temos todas as capacidades para chegar lá. O que tem de estar na cabeça das jogadoras é quanto queremos estar no Jamor. Vai ser um jogo muito mais difícil do que o da semana passada porque o Benfica perdeu e tenho a certeza que vai entrar aqui com o dobro da agressividade, de querer ganhar e de dar uma resposta. Temos de entrar com o triplo da vontade, agressividade e de querer marcar porque precisamos de ganhar. Já é difícil quando o jogo começa 0-0, mas neste momento começa 1-0 e estamos em desvantagem. As jogadoras têm perfeita noção disso”, comentara Mariana Cabral, treinadora do Sporting, na antecâmara da partida.

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“É um jogo que começa do zero, com uma história diferente. Se estivermos a prender-nos ao 1-0, com toda a certeza vamos estar mais próximas de não sermos felizes. Vamos para ganhar, que é assim que o Benfica vai para todos os jogos. Sabemos que estamos numa fase ingrata da época, que existe cansaço, mas também sabemos que existem várias formas de contornar esse cansaço e poder respirar de outra maneira. Se tivermos a bola durante mais tempo, não andamos a correr tanto no jogo. Temos de dominar mais esse momento e ter mais critério para não perder tanto a bola. Alterações? O Benfica tem uma identidade muito clara. Podemos sempre alterar e variar algumas das coisas mas há aspetos que não mudam, que são as nossas jogadoras e processos”, salientara Filipa Patão, técnica do Benfica, deixando um alerta à equipa.

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Ao todo, este era o quinto encontro entre ambos os conjuntos na presente época, havendo outro confirmado na final da Taça da Liga a 1 de maio, no Estádio do Restelo. E existiam resultados para todos os gostos, entre o empate com posterior triunfo nos penáltis para o Benfica na final da Supertaça, dois triunfos do Sporting a contar para o Campeonato e a vitória das encarnadas na primeira mão da Taça de Portugal, no Seixal. Agora, voltou tudo a ficar empatado, o que permitiu ao Benfica confirmar a presença na final do Jamor diante do Racing Power, que afastou o Sp. Braga. No entanto, nem tudo foram boas notícias tendo em conta a lesão de Jéssica Silva, que marcou o golo inaugural mas saiu de maca em lágrimas por lesão.

Os primeiros capítulos dos vários jogos que foram nascendo do próprio jogo tiveram aquilo que não existira no confronto da semana passada, com o Sporting a não conseguir explorar da melhor forma a profundidade com Brittany Raphino e o Benfica a ter a eficácia que falhara na partida do Campeonato: Nycole trabalhou bem a meio-campo, lançou Jéssica Silva nas costas da defesa leonina e a internacional portuguesa atirou para o poste mais distante sem hipóteses para Hannah Seabert (13′). O conjunto verde e branco, que repetia todas as opções iniciais, acusava o golo frente a uma formação encarnada que, com metade da equipa diferente, ia colocando o jogo na sua zona de conforto a não ser num lance em que uma combinação ofensiva do Sporting colocou Olivia Smith na área a cair após toque de Ucheibe com protestos do banco leonino. Pouco depois, numa jogada em que chegou mais cedo à bola do que Raphino, Jéssica Silva teve de sair de maca.

Catarina Amado entrou em jogo, Lúcia Alves avançou no terreno e a primeira intervenção da polivalente que tanto pode jogar como lateral ou ala deixou Marie Alidou em boa posição na área descaída sobre a esquerda, com Ana Borges a cortar de carrinho mas com o banco das encarnadas a pedir penálti que nem o VAR veio depois assinalar (31′). Até ao intervalo, Marie Alidou e Andreia Norton ainda tiveram remates enquadrados à figura de Seabert, Olivia Smith desperdiçou a melhor oportunidade das leoas no primeiro tempo surgindo descaído sobre a esquerda na área para defesa de Lena Pauels e o 1-0 manteve-se até ao descanso.

A ida para os balneários parecia mostrar expressões de algum cansaço também pelo calor que se fazia sentir em Alcochete mas o início do segundo tempo deitou por terra a ideia: Marie Alidou não aproveitou um erro de coordenação de Ana Borges e permitiu a defesa a Hannah Seabert (47′), Raphino lançou Olivia Smith na profundidade para o remate cruzado que fez o empate (48′), de novo Alidou apareceu ao segundo poste após um cruzamento da direita para rematar em força para nova defesa da guarda-redes norte-americana (52′). O jogo podia cair para qualquer um dos lados numa segunda parte em que o 4x2x1x3 do Sporting abriu por completo o encontro, com o Benfica a ficar a protestar mais um penálti não assinalado de Andrea Norheim sobre Pauleta antes de apanhar um susto num golo anulado a Raphino, que conseguiu intercetar um passe curto de Ucheibe para Lena Pauels mas com o desvio final para a baliza a bater no braço (79′).