O Chega vai apresentar no Parlamento, na próxima semana, um voto formal de condenação ao Presidente da República por causa das palavras, que reiterou este sábado, sobre as reparações que acredita que Portugal deve às ex-colónias.

Essas declarações, escreve o partido numa nota enviada às redações, “representam indubitavelmente uma traição ao povo português e à sua História”, diz o partido.

Marcelo insiste em “reparação” às ex-colónias. “Não podemos meter isto para baixo do tapete. Temos obrigação de liderar”

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Além disso, e depois de o Governo já ter vindo dizer que não está nenhum processo de reparação em causa, o Chega vai também chamar ao Parlamento o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, “para perceber se há algum tipo de contactos sobre esta matéria com os Estados lusófonos ou algum pedido específico dirigido ao Estado português”.

Este sábado, Marcelo Rebelo de Sousa veio defender as suas declarações que fizera sobre o assunto num jantar com correspondentes estrangeiros, frisando que Portugal deve assumir o seu passado colonial e “liderar” o processo de reparações: “Não podemos meter isto para baixo do tapete”, defendeu o Presidente da República, sublinhando que há várias formas de fazer essas reparações e que algumas (como o perdão de dívida a ex-colónias) já acontecem hoje em dia.

Horas mais tarde, o Governo veio discordar do Presidente — que disse que esta questão teria de ser tratada pelo novo Executivo — através de um comunicado em que frisava “não estar em causa nenhum processo de reparação”.

“A propósito da questão da reparação a esses Estados e aos seus povos pelo passado colonial do Estado português, importa sublinhar que o Governo actual se pauta pela mesma linha dos Governos anteriores. Não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de acções específicas com esse propósito”, lia-se na nota. O texto acrescentava que ainda assim o Estado português “tem tido gestos e programas de cooperação de reconhecimento da verdade histórica com isenção e imparcialidade”, dando como exemplos “a assunção do contributo decisivo da luta desses povos pela sua independência para o fim da ditadura ou o pedido de desculpas pelo trágico massacre de Wyriamu”, assim como “o financiamento, em Angola, o Museu da Luta de Libertação Nacional; em Cabo Verde, a musealização do campo de concentração do Tarrafal; em Moçambique, a recuperação da rampa dos escravos na Ilha de Moçambique.”

Governo responde a Marcelo: “Não está em causa nenhum processo de reparação”