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A proteção aos jornalistas está a recuar, sendo Gaza exemplo da “falta de vontade política” para proteger, segundo o índice mundial da liberdade de imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF), divulgado nesta sexta-feira, em que Portugal regressou aos “muito bons”.

No documento, a organização não-governamental (ONG) sediada em Paris mostra-se preocupada com o agravamento da pressão política sobre os jornalistas em muitas partes do mundo, nomeadamente na Europa, Ásia-Pacífico, África e até nos Estados Unidos.

Os Estados e outras forças políticas estão a desempenhar um papel cada vez menor na proteção da liberdade de imprensa”, lamentou a diretora editorial da RSF, Anne Bocandé, em comunicado.

A organização lamenta a “clara falta de vontade política por parte da comunidade internacional para fazer cumprir os princípios de proteção dos jornalistas” na Faixa de Gaza.

Mais de 100 repórteres palestinianos foram mortos pelas Forças de Defesa de Israel naquele território, dos quais pelo menos 22 no exercício das suas funções.

A Palestina, território que a RSF inclui no índice, desceu uma posição para o 157.º lugar, entre 180 países e territórios classificados, mas uma tem das piores avaliações em termos de segurança.

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Na Europa de Leste e na Ásia Central, enfatiza a RSF, países como a Bielorrússia (167.º), Geórgia (103.º), Quirguizistão (120º) e Azerbaijão (164.º) estão imitar métodos repressivos russos para controlar a comunicação social.

A influência do Kremlin chegou até à Sérvia (98º lugar), acrescenta, onde os meios de comunicação social pró-governamentais difundem propaganda russa e as autoridades ameaçam jornalistas russos exilados.

A própria Rússia (162.º) eliminou praticamente o jornalismo independente no país, tendo mais de 1.500 jornalistas fugido para o estrangeiro desde a invasão da Ucrânia, estima a RSF.

A “influência tóxica” de Moscovo está a chegar à União Europeia, continua, em particular a países como a Hungria e Eslováquia.

A China (172.º) é um exemplo do controlo que mantém sobre a comunicação social, aplicando políticas de censura e vigiando conteúdos ‘online’ para reduzir a difusão de informações indesejáveis.

Na aproximação às eleições presidenciais, em novembro, os Estados Unidos (55.º) desceram 10 lugares, num contexto de crescente desconfiança nos meios de comunicação social, em parte alimentada por políticos, refere a ONG.

Portugal tinha caído para o nono lugar no ano passado, mas na 22.ª edição do relatório sobe duas posições e volta a figurar no grupo de oito países com uma “situação muito boa” para a liberdade de imprensa, que continua a ser liderado pela Noruega, Dinamarca e Suécia.

No fim da tabela estão a Eritreia, Síria e Afeganistão, tendo este último descido 26 lugares para 178.º.

Além da insegurança, a prisão de jornalistas, censura e tentativa de influência, a ONG alerta para outros riscos para o jornalismo, nomeadamente a falta de regulamentação da Inteligência Artificial (IA).

A ameaça do uso da IA em ações de desinformação para fins políticos em ano de eleições em muitos países é ilustrada pelo caso do áudio “deepfake” que visou influenciar as eleições legislativas na Eslováquia, no ano passado.

O país caiu 12 posições para 29.º lugar.

A RSF também salienta a intensificação da vigilância das redes sociais e da Internet por alguns regimes, restringindo o acesso, bloqueando contas e mensagens com notícias e informações.