Morreu esta terça-feira, 14 de maio, aos 95 anos, António Ferreira Amorim, o pai do atual presidente da corticeira e o último dos quatro irmãos que estiveram ao leme da empresa, avança o jornal Eco segundo fonte próxima da família.

António Ferreira Amorim era o terceiro filho de Albertina e de Américo Alves Amorim, e um dos quatro que desenvolveram a corticeira na década de 1950 (José, António, Américo e Joaquim). No total eram oito irmãos, quatro rapazes e quatro raparigas. Começou a trabalhar no grupo em 1949, logo depois de acabar a tropa em Tavira. Estudou no Colégio S. Luís em Espinho e, depois, na Escola Académica do Porto.

Segundo um texto publicado no site da empresa em 2020, António Ferreira Amorim era dos quatro irmãos o que mais convivia com os operários. “Gostei sempre de trabalhar na fábrica; gosto do ambiente da fábrica, junto dos trabalhadores fabris”, disse o próprio. Esteve mais de 70 anos ligado ao grupo Amorim, durante os quais “contribuiu de forma relevante para a definição e execução da estratégia da Corticeira Amorim”, diz a Corticeira Amorim em comunicado.

“Dedicou, desde muito jovem, o seu trabalho ao desenvolvimento da atividade familiar de transformação da cortiça. Assumiu a responsabilidade pela produção e cedo se afirmou na liderança industrial, graças não só ao rigor e eficácia da sua gestão operacional, mas também à sua personalidade forte e cativante.”

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Os irmãos José Ferreira Amorim e Américo Amorim morreram em janeiro de 2023 e em 2017, respetivamente.

António Ferreira Amorim tinha três filhos. António Rios de Amorim é o atual presidente da corticeira no cargo há mais de duas décadas. Cristina e Joana são irmãs do presidente da corticeira, onde o grupo começou. Cristina também está no conselho de administração da empresa.

Foi o avô José, António, Américo e Joaquim que esteve na origem do grupo que é hoje líder mundiais de produtos de cortiça. A empresa da família data de 1870. António Alves de Amorim criou a fábrica de produção manual de rolhas de cortiça, no Cais de Vila Nova de Gaia, que depois passou para Santa Maria de Lamas para que o fabrico pudesse ser expandido.

Só em 1922 os filhos de António Alves de Amorim — José, Manuel, Henrique, Américo, Ana, Rosa, António, Joaquim e Bernardina — criam a empresa Amorim & Irmãos com 90 mil escudos. Reza a história da empresa que foi em 1930 que os cartões da empresa passaram a ter a assinatura “a maior fábrica de rolhas do norte de Portugal”. Com os netos a assumirem a empresa nos anos de 1950, a terceira geração, a Amorim & Irmãos torna-se Corticeira Amorim. E é essa empresa que se expandiu, fez parcerias internacionais, e tornou-se um grupo com 28 fábricas, presente em mais de 100 países e gerando um volume de negócios de cerca de 1.000 milhões de euros. Emprega mais de cinco mil trabalhadores.

António Ferreira de Amorim gostava do chão de fábrica. Aí passava tempo e já avançado na idade dizia que acompanhava o dia a dia da empresa. O filho já tinha ascendido à liderança do grupo em 2001. António Rios de Amorim assumiu a presidência aos 34 anos, sucedendo a Américo Amorim. É a quarta geração que está agora à frente da empresa criada para produzir rolhas. Hoje é muito mais do que isso e hoje despede-se de mais um dos impulsionadores.

Artigo alterado às 10h25 com a informação de que António Ferreira Amorim morreu esta terça-feira e não quarta-feira.