Cerca de uma centena de elementos da PSP e da GNR estão concentrados esta quarta-feira na Praça do Comércio, em Lisboa, para manifestarem o seu descontentamento com a proposta do suplemento de missão e dizerem ao Governo que “não aceitam migalhas”.

A concentração, convocada através das redes sociais e que conta o apoio logístico do Sindicato Vertical de Carreiras da Polícia, acontece ao mesmo tempo que a ministra da Administração Interna está reunida com as associações socioprofissionais da GNR e sindicatos da PSP sobre a atribuição de um novo suplemento de missão.

Virados para o edifício onde está instalado o Ministério da Administração Interna (MAI), os polícias da PSP e militares da GNR concentrados exibem alguns cartazes onde se lê: “não aceitamos migalhas”, “exigimos igualdade” e “uma questão de justiça”.

“Estamos aqui para mostrar descontentamento à proposta do Governo apresentada na última reunião e alertar que não aceitamos migalhas”, disse à Lusa Josué Ribeiro, do Sindicato Vertical de Carreiras da Polícia, que não tem direito a estar na negociação com a tutela pelo reduzido número de associados.

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Os polícias em protesto concordam com a contraposta apresentada pela plataforma, que congrega os sindicatos da PSP e as associações da GNR, ao Ministério da Administração Interna, mas não tem grande esperança que seja aceite pelo Governo.

Josué Ribeiro afirmou que os elementos da PSP e da GNR acreditam que a reunião desta quarta-feira pode correr em “1% de forma positiva” e em “99% de forma negativa”, antevendo por isso futuras formas de luta.

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A primeira reunião entre Margarida Blasco e os dirigentes das cinco associações da GNR começou por volta das 15h00 e às 17h00 está marcado o encontro com os seis sindicatos da PSP.

Os polícias concentrados na Praça do Comércio prometem ficar até ao final das reuniões e esperam que mais para o fim do dia um maior número de elementos das forças de segurança se junte ao protesto.

A plataforma propõe que os atuais 100 euros pagos aos polícias no suplemento por serviço e risco nas forças de segurança sejam substituídos por uma componente fixa de 712,96 euros, o que se traduziria num aumento efetivo de cerca de 600 euros.

Além deste valor, defendem a manutenção da componente variável do suplemento, que corresponde a 20% do salário base e querem que este aumento seja pago com retroativos a 1 de janeiro de 2023.

O atual suplemento pago a estas forças de segurança inclui uma componente fixa de 100 euros e uma variável de 20% do salário base. A plataforma já avançou que as estruturas vão abandonar as negociações com o Governo caso não seja apresentada “uma nova proposta digna” por parte do Ministério.

Na reunião de 2 de maio, o MAI propôs um novo suplemento de missão para os elementos da PSP e da GNR de entre 365,13 e 625,94 euros.

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O suplemento proposto tem como referência os vencimentos base do diretor-nacional da PSP e do comandante-geral da GNR e substitui o atual suplemento por serviço e risco nas forças de segurança.

Com este novo suplemento de missão, os oficiais passariam a ter um suplemento de missão de 12% da remuneração base do diretor nacional da PSP e do comandante da GNR, que é de 5.216,23 euros. A proposta prevê um suplemento de 9% para os chefes da PSP e sargentos da GNR e de 7% para os agentes e guardas.