O líder do Chega, André Ventura, disse esta quarta-feira não se rever nas declarações do candidato do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) às eleições europeias sobre a organização nazi SS, mas não pondera mudar de grupo.

“Essa questão não se coloca agora”, afirmou, vincando que o Chega integra e tem relações com “todos os seus parceiros” do grupo Identidade e Democracia no Parlamento Europeu, ao qual pertence também a AfD.

André Ventura, que falava à margem de uma reunião com a direção da Casa de Saúde de São João de Deus, no Funchal, no âmbito da campanha para as eleições regionais de domingo, reagia às declarações de Maximiliam Krah, que considerou ser “errado” afirmar que todos os membros das Schutzstaffel (SS, organização paramilitar ligada ao regime nazi liderado por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial) eram “criminosos”.

Eu não me revejo nas declarações que foram feitas, eu não o diria, mas o Chega faz parte de uma família política que quer sem dúvida mudar a Europa na luta contra a corrupção, na luta por fronteiras seguras e contra a imigração”, disse, para logo reforçar: “Não vou concordar a 100% com o que todos dizem, mas não há nenhum grupo europeu que o faça.”

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Sobre uma eventual mudança do Chega de grupo na Europa, Ventura reiterou que “essa questão não se coloca agora”, mas admitiu que possa haver uma “aproximação” entre o grupo Identidade e Democracia e os Conservadores.

“Neste momento, o Chega é solidário com todos os seus parceiros internacionais”, disse, acrescentando: “Isto não quer dizer que não possa haver uma aproximação para vencer as eleições a nível europeu entre Conservadores e ID, mas esse é um trajeto que, primeiro, não depende só de mim.”

André Ventura realçou, por outro lado, que vai continuar a lutar para que o partido vença as eleições europeias, indicando que já transmitiu aos líderes italianos, alemães e franceses das forças que integram o Identidade e Democracia que a guerra na Ucrânia é uma “questão fundamental” para o Chega.

“Nós estamos inequivocamente ao lado da Ucrânia nesta guerra”, disse, acrescentando que o partido defende a manutenção do projeto europeu, mas “com transformações”, bem como a permanência do país na NATO.

“Se estes eixos forem mantidos, nós temos toda a abertura para negociar com outros grupos”, disse.

Entretanto, o cabeça de lista para as eleições europeias do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha anunciou esta quarta-feira que abandona a direção da força política e as ações de campanha após as polémicas declarações sobre a organização nazi SS.

Numa recente entrevista ao diário italiano La Repubblica, Maximiliam Krah considerou ser “errado” afirmar que todos os membros das Schutzstaffel (SS, organização paramilitar ligada ao regime nazi liderado por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial) eram “criminosos”.

A polémica motivada por estas declarações implicou que Krah anunciasse, através do seu gabinete de advogados, a decisão de renunciar à direção do partido e abster-se de participar na campanha eleitoral.

“Vou abster-me de novas comparências na campanha eleitoral com efeito imediato e vou demitir-me de membro do comité executivo federal”, indicou o político num texto hoje divulgado pelos ‘media’ alemães.

Na sequência das declarações de Krah ao La Repubblica, os partidos de direita radical União Nacional (França), de Marine Le Pen, e a Liga, do vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, distanciaram-se da AfD.

Na atual composição do Parlamento Europeu, a AfD integrou o grupo parlamentar Identidade e Democracia, que também incluía o RN e a Liga.

As eleições para o Parlamento Europeu decorrem entre 6 e 9 de junho nos 27 Estados-membros da União Europeia (UE).