A Junta Nacional de Justiça (JNJ), o órgão máximo do poder judiciário do Peru, decidiu afastar a procuradora-geral Patricia Benavides, que já tinha sido suspensa do cargo por interferir numa investigação à irmã.

A decisão da JNJ surgiu na quarta-feira, depois de ouvir uma apresentação de María Zavala, a procuradora responsável pelo processo disciplinar movido contra Benavides, que concluiu terem sido cometidas quatro infrações de elevada gravidade, o que causou um “grande dano”.

Patricia Benavides é acusada de ter instruído a procuradora Azucena Solari para elaborar um relatório sobre a suposta baixa produtividade de Bersabeth Revilla, documento que depois usou como justificação para afastar esta procuradora, encarregue de uma investigação à irmã.

A juíza Enma Benavides estava a ser acusada de aceitar subornos para libertar alegados traficantes de droga.

Patricia Benavides destituiu Revilla do cargo com “o verdadeiro propósito de interferir na investigação realizada contra a sua irmã Enma Benavides”, para conseguir o arquivamento do processo, disse Zavala.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os cinco membros da JNJ aprovaram, também por unanimidade, a exoneração de Enma Benavides por considerarem provado que a juíza cometeu uma infração muito grave ao interferir no trabalho do Ministério Público e ao mentir aos procuradores.

Patricia Benavides está também a ser investigada por ser a alegada líder de uma rede criminosa de tráfico de influências, acusações que a antiga procuradora-geral diz terem motivações políticas.

Em novembro, Benavides acusou no parlamento do Peru a Presidente do país, Dina Boluarte, e o primeiro-ministro, Alberto Otárola, por quatro mortes em manifestações antigovernamentais entre o final de 2022 e início de 2023.

Os protestos populares exigiram a libertação do ex-chefe de Estado de esquerda Pedro Castillo, a demissão de Boluarte e eleições antecipadas.

A então vice-presidente Boluarte tornou-se a líder do Peru em dezembro de 2022, após a destituição e prisão de Castillo, acusado de promover um golpe de Estado para tentar convocar uma nova Assembleia Constituinte.

Boluarte foi intimada no âmbito de uma investigação preliminar aberta pela alegada prática dos crimes de genocídio, homicídio qualificado e abuso de autoridade, após a morte de 77 pessoas nos protestos, 49 destas em confrontos diretos com as forças de segurança.