Conceber e produzir automóveis está longe de ser uma tarefa fácil, mas se isto é válido para veículos pequenos e acessíveis, o caso muda de figura quando se fala de superdesportivos, modelos com somente dois lugares e com potências que afloram 700 cv. Para singrar neste exclusivo segmento, são necessários grandes conhecimentos no campo da aerodinâmica, uma capacidade tecnológica capaz de conceber um chassi leve e rígido, além de suspensões eficientes e de um motor que forneça potência a rodos, sem contudo ser excessivamente grande ou pesado. E, repentinamente, surgiu uma empresa portuguesa, a Adamastor, que se propõe comercializar o Furia, modelo que pretende bater-se com os melhores produtos da Ferrari, McLaren e Lamborghini.

Criada por um grupo de entusiastas do Norte, a Adamastor é uma jovem empresa ainda sem história, mas com tecnologia para construir um chassi em fibra de carbono e uma carroçaria no mesmo material. Isto permite ao Furia anunciar apenas 1100 kg de peso para a versão Race, exclusiva para pista, sendo de prever um peso similar aos 1450 kg do Ford GT (que utiliza a mesma mecânica e tipo de chassi) para a a versão Road, a homologar para circular em estrada.

Além de ter dominado os elementos peso e rigidez do chassi, a Adamastor está igualmente confiante no trabalho realizado ao nível da aerodinâmica, anunciando ter desenvolvido o projecto com recurso à análise numérica do Computational Fluid Dynamics, tanto para a versão Road como para a Race. Resta aguardar a confirmação da eficiência em túnel de vento ou directamente em pista.

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Para locomover o Furia, a Adamastor recorreu à Ford, a quem adquiriu o 3.5 V6 sobrealimentado, o mesmo que o gigante norte-americano monta no Ford GT — sucessor do mítico GT 40 — onde anuncia 655 cv e 750 Nm de binário, o que lhe permite anunciar 347 km/h. Uma vez instalado no Furia, este 3.5 V6 Turbo promete um valor próximo de 650 cv, o que de acordo com o construtor lhe assegurará uma velocidade máxima superior a 300 km/h e a capacidade de ultrapassar os 100 km/h ao fim de apenas 3,5 segundos.

Ousado e extremamente agressivo, o Furia parece mais um modelo de competição do que um superdesportivo para estrada, alinhando por modelos como o Aston Martin Valkyrie ou o Mercedes-AMG One. Até ao nível do preço, o Adamastor aponta para um valor de 1,6 milhões de euros, antes de impostos, o que o deixa demasiado perto dos hiperdesportivos (por possuírem mais de 1000 cv) britânico e alemão, propostos por 2,5 e 2,75 milhões (antes de taxas), respectivamente. E ao valor base do Adamastor, os potenciais clientes têm de adicionar os impostos, com os cerca de 400g de CO2/km que o motor deverá anunciar a elevar consideravelmente este preço. Depois, há ainda que somar o IVA, o que atirará o preço de venda ao público entre nós para cima dos 2 milhões.

Com um motor com “apenas” 650 cv, o Furia Road parece estar mais próximo dos Ferrari e Lamborghini, ficando mesmo atrás dos 720 cv do F8 ou dos 770 cv do Aventador (considerando apenas motores não electrificados), com vantagem para os modelos italianos em termos de nobreza mecânica, pois o Ferrari F8 recorre a um V8 biturbo e o Lamborghini monta um V12 atmosférico. Contudo, um e outro revelam-se mais velozes e mais rápidos, o primeiro a reivindicar 340 km/h e 2,9 segundos de 0-100 km/h e o segundo 350 km/h e 2,8 segundos. E ambos os superdesportivos transalpinos são comercializados por valores abaixo dos 500 mil euros.

A produção do Furia arrancará em 2025, ano em que a Adamastor pensa entregar as primeiras duas unidades do modelo de estrada e outras tantas da versão de pista. Depois, já em velocidade de cruzeiro, o novo construtor aponta para um ritmo de fabricação de 25 unidades por ano.