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Grupo israelita bloqueia camiões para impedir que ajuda humanitária chegue a Gaza. Ativistas pela paz protestam

Não há consenso em Israel sobre a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza. Um grupo de ativistas de direita, o Tzav 9, tem feito vários ataques a caravanas de auxílio humanitário, alegando que quer prevenir que os bens, como alimentos ou medicamentos, beneficiem o Hamas.

Alguns vídeos que circulam na imprensa israelita mostram grupos de pessoas, incluindo jovens, a retirar e a destruir a carga dos camiões vindos da Jordânia e que tentam passar pela Cisjordânia. Noutros, há quem dance em cima de sacos de alimentos, refere a BBC. Em algumas das imagens são vistos manifestantes com bandeiras de Israel e cartazes onde se lê “não há ajuda para terroristas”.

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O grupo Tzav 9 diz que quer continuar com estas ações até que os reféns israelitas em Gaza sejam libertados. “É uma insanidade absurda pensar que num dia em que lembramos os nossos falecidos, mortos pelos terroristas, o Estado de Israel continua a fazer o que está a fazer e a transferir ajuda aos mesmos terroristas”, dizia um comunicado do grupo, citado pelo Times of Israel no feriado de 13 de maio. “Não passará ajuda até que o último dos reféns regresse”, prometendo mais bloqueios do género. Algumas das ações de bloqueio começaram em fevereiro, mas estão a tornar-se mais intensas.

Entre os simpatizantes das ações deste grupo está pelo menos um familiar de uma das vítimas dos ataques de 7 de outubro. Roi Baruch perdeu o irmão, Uriel Baruch, cujo corpo foi levado para Gaza. “Não se deve permitir que passe ajuda para o inimigo e que chegue às mãos do Hamas”, disse Roi Baruch num comunicado do grupo. “Bloquear os camiões é um ato nobre e compreensível para qualquer pessoas que tenha uma mente clara.”

Milhares protestam em Telavive, pedindo regresso de reféns. Noite terminou com confrontos com a polícia

As ações do grupo estão também a receber apoio de outro movimento de direita, Regavim, bastante ativo na Cisjordânia, nota a imprensa israelita. O grupo considera “inconcebível” que “o governo israelita tenha aberto uma rota de fornecimento de ajuda aos terroristas do Hamas em Gaza”.

Durante uma das ações, a 13 de maio, foram detidas pelo menos quatro pessoas, incluindo pelo menos um menor.

Ativistas pela paz protestam contra ações do grupo Tzav 9

Alguns motoristas de camiões relatam o medo de ações do grupo israelita, temendo a violência. “Fico aterrorizado sempre que chego ao ponto de passagem”, contou o camionista Adel Amro à BBC. “Temo pela minha vida.”

Para tentar evitar os protestos, há motoristas a circular por estradas secundárias, “afastadas das estradas principais, porque tememos a agressividade dos ocupantes” israelitas.

Após a partilha de vídeos dos ataques aos camiões nas redes sociais, há organizações que contestam as ações. O grupo de ativista pela paz Standing Together, por exemplo, está a fazer vigílias regulares para mostrar a oposição a ações do género. “As pessoas em Gaza estão esfomeadas e a ajuda humanitária deve chegar a Gaza”, disse à BBC Suf Patishi, um dos membros fundadores do grupo.

“A sociedade israelita deve dizer em alto e bom som que se opõe a estes atos”, frisou.