A deputada pelo Partido Trabalhista Diana Abbott denunciou, esta quarta-feira, em declarações à BBC que tinha sido impedida pelo partido de se candidatar nas próximas eleições. Abbott foi a primeira deputada negra no parlamento britânico e tem estado suspensa por causa de comentários sobre racismo. A suspensão não lhe permitira candidatar-se, mas foi levantada esta terça-feira, dia em que começaram a surgir notícias de que o partido estaria a impedi-la de concorrer novamente. O líder dos trabalhistas já negou a situação. O Reino Unido vai ter eleições legislativas no próximo dia 4 de julho.

Abbott é deputada no parlamento por Hackney North e Stoke Newington (círculo eleitoral perto de Londres) há vários anos, mas para as próximas eleições de dia 4 de julho ainda não foi divulgado quem será o candidato do Partido Trabalhista por aquele círculo. Segundo a BBC, a ideia de que Abbott teria sido banida como candidata começou a circular na terça-feira à noite e foi confirmada pela própria ao meio britânico já esta quarta-feira de manhã.

O líder do Partido Trabalhista já negou que Abbott tenha sido impedida de se candidatar. Keir Starmer confirmou esta manhã que a suspensão de Abbott foi levantada e disse que ainda nenhuma decisão foi tomada quanto a possibilidade de ser candidata pelo partido.

Em abril do ano passado, Abbott escreveu no jornal Observer que judeus, irlandeses e viajantes “experienciam sem dúvida o preconceito” que é “semelhante ao racismo”, cita a BBC. “É verdade que muitos tipos de pessoas brancas com pontos de diferença, como por exemplo os ruivos, podem sentir preconceito”, continuou Abbott, “mas não são vítimas de racismo durante todas as suas vidas”. Embora a deputada tenha pedido desculpa e retirado rapidamente o que escreveu, foi suspensa e o seu partido começou uma investigação sobre este tema. Segundo a BBC, a investigação teria ficado concluída em dezembro de 2023, mas Starmer disse na semana passada que ainda não estava “resolvida”. Estando suspensa, a deputada não poderia concorrer às eleições de 4 de julho, mas foi readmitida esta terça-feira na atividade parlamentar.

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Numa publicação na sua conta da rede social X feita esta quarta-feira de manhã, Diane Abbott saudou o facto de estar de regresso à atividade parlamentar, agradeceu o apoio e disse que vai fazer campanha por uma vitória trabalhista. “Contudo, estou muito desapontada por várias notícias sugerirem que fui impedida de ser candidata”, escreveu a política, destacando uma imagem da primeira página do jornal The Times com esta notícia.

A situação despertou a atenção de pelo menos seis sindicatos que apelaram à confirmação de Abbott como candidata trabalhista por Hackney North e Stoke Newington.

Diane Abbott foi, em 1987, a primeira mulher negra a ser eleita para o parlamento por Hackney North e Stoke Newington. Concorreu a líder do Partido Trabalhista em 2010. Foi ministra sombra com a pasta da administração interna entre 2016 e 2020, quando Jeremy Corbyn era o líder do partido, e de quem Abbott era uma aliada próxima. Foi no tempo de Corbyn que o organismo britânico de controlo da igualdade acusou o Partido Trabalhista de discriminação contra os judeus. O que levou o atual líder, Keir Starmer, a tomar medidas para evitar que tais acusações se repetissem, afastando alguns dos membros.