Investigadores japoneses revelaram esta terça-feira que construíram com sucesso o primeiro satélite de madeira do mundo, um pequeno objeto de 10 centímetros, em forma de cubo, que deverá ser enviado para o espaço a bordo de um foguetão SpaceX lançado dos Estados Unidos, possivelmente em setembro.

O “LignoSat”, uma mistura das palavras ligno, um prefixo que significa madeira, e satélite, é o resultado de cerca de quatro anos de esforços de desenvolvimento por uma equipa que envolve a Universidade de Quioto e a empresa de produtos de madeira, Sumitomo Forestry Co, com o objetivo de garantir a sustentabilidade do planeta e aproveitar o baixo custo do material no desenvolvimento espacial.

O satélite é um cubo de 10 centímetros feito de painéis de madeira de magnólia com 4 a 5,5 milímetros de espessura, com uma estrutura parcialmente construída em alumínio. Tem painéis solares afixados nalguns lados e pesa cerca de 1 quilograma. Foi construído com base numa técnica tradicional japonesa que não utiliza quaisquer parafusos ou materiais adesivos, avança o jornal japonês Japan Today.

Os criadores esperam que o material de madeira arda completamente quando o dispositivo reentrar na atmosfera — uma forma de evitar a emissão de partículas metálicas, como é usual quando um satélite de metal regressa à Terra. Segundo os cientistas, essas partículas poderão ter um impacto negativo no ambiente e nas telecomunicações.

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Foram testados vários tipos de madeira, tendo a madeira das árvores de magnólia sido considerada a mais robusta. “A capacidade da madeira para resistir às condições simuladas da órbita terrestre baixa surpreendeu-nos”, explicava, em 2021, Koji Murata, chefe da investigação da “madeira espacial” e membro do Laboratório de Design de Biomateriais da Universidade de Quioto.

Depois de uma série de experiências que determinaram o desempenho da nave espacial em órbita, o satélite será enviado para o espaço, em setembro, num foguetão da SpaceX a partir do Centro Espacial Kennedy da NASA, Florida, EUA, com destino à Estação Espacial Internacional (ISS), avançaram a Universidade de Quioto e a empresa Sumitomo Forestry Co, esta terça-feira, num comunicado conjunto. No mês seguinte, espera-se que o “LignoSat” seja enviado, a partir da ISS, para o “espaço exterior”.

A equipa planeia explorar o potencial da madeira através da análise dos dados enviados pelo novo satélite. “Uma das missões do satélite é medir a deformação da estrutura de madeira no espaço. A madeira é durável e estável numa direção, mas pode ser propensa a alterações dimensionais e fissuras na outra direção”, disse o chefe da investigação ao Observer. Os dados serão transmitidos para uma estação de comunicações na Universidade de Quioto e utilizados para o desenvolvimento de um segundo satélite.

Os criadores planeiam entregar o satélite à agência aeroespacial japonesa Jaxa em 4 de junho.