A Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa garante que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, “cumpriu o programa proposto” no relatório de atividades académicas que desenvolveu e que não houve plágio. O esclarecimento surgiu depois de uma notícia do Público na qual se avançava que a ministra da Saúde teria apresentado em dezembro de 2023 um relatório de licença sabática na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e que teria copiado e traduzido partes da estrutura do programa de um curso que frequentara em Londres, sem fazer referência a tal.

Numa nota enviada à agência Lusa, assinada pelo presidente do Conselho Científico da faculdade, António Almeida, e pela diretora da instituição, Beatriz Lima, é referido que “o relatório das atividades desenvolvidas foi objeto de análise pelo Conselho Científico, que apreciou os diversos aspetos do relatório e concluiu que o trabalho apresentado cumpriu o programa proposto”. “Quaisquer outras ilações não são possíveis de ser retiradas, designadamente quanto ao alegado plágio, que não ocorreu”, sublinham os docentes.

Ana Paula Martins foi professora auxiliar do Departamento de Farmácia, Farmacologia e Tecnologias em Saúde na Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa até agosto de 2022. Esteve em licença sabática entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021. Um dos objetivos que a própria definiu para este período foi a “apresentação de um plano curricular estratégico para a concretização do programa de formação avançada em Farmacoepidemiologia”, segundo o relatório da licença citado no jornal.

Entre 2020 e 2022, a atual ministra da Saúde frequentou um curso na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e é parte da estrutura deste curso no relatório da licença que teria sido copiada. Segundo as atas a que o Público teve acesso, o conselho científico da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, o órgão de supervisão científica, deu conta em janeiro deste ano do que considerou ser uma “transposição” na sua proposta de formação avançada. Nesta altura, Ana Paula Martins era presidente do conselho de administração do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Na nota enviada à Lusa, a instituição nunca refere “inconformidades”. “O Conselho Científico reafirma a posição tomada de que o relatório foi corretamente aprovado”, sintetiza a faculdade na missiva.

De acordo com o jornal diário, a autora menciona na introdução do programa que redigiu que frequentou o referido curso, mas depois não fará qualquer referência à utilização dos seus conteúdos. Além disso, o programa da ministra teria uma estrutura base igual à do curso britânico, assim como os objetivos, embora os do curso sejam quatro e os do programa português sejam três. A avaliação também seria semelhante.

A atual ministra disse não ter conhecimento da primeira ata até ser contactada pelo jornal e não ter sido ouvida sobre as inconformidades referidas. Esta sexta-feira, após ter estado no parlamento a responder a uma interpelação do Bloco de Esquerda sobre o programa de emergência para a saúde, a ministra foi questionada pelos jornalistas sobre esta questão, mas escusou-se a fazer comentários.

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