Depois de ter dito que o “Conselho Europeu ficará em boas mãos”, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a falar sobre a aprovação de António Costa para o cargo europeu, destacando o “mérito” do ex-primeiro-ministro em fazer “acordos” e “pontes” durante quase dez anos. “Conseguiu em muitos casos coser entendimentos entre países que tinham, à partida, posições muito diferentes e isso é muito bom para a Europa porque precisa disso agora”, defendeu o Presidente da República.

“É a solução ideal, tinha de ser um socialista aceite pelo PPE, pelos liberais, mas também aceite pela direita mais radical e com boas relações no mundo, com a capacidade de conhecimento de dossiês dado ser um dos mais antigos primeiros-ministros em funções. O que é espantoso é, sendo a solução ideal, ter conseguido ser a solução ideal durante muito tempo e até hoje”, afirmou o chefe de Estado no dia seguinte à notícia de que António Costa conseguiu acordo para chegar a presidente do Conselho Europeu.

Para Ventura trata-se de uma “má escolha para a Europa e para o mundo”. “Não podemos compreender como é que, se António Costa era uma má opção e escolha para Portugal, pode ser uma boa opção para a Europa”, afirmou o líder do Chega.

Sublinhando que o partido que lidera está nos “antípodas de pensamento” de Costa na “luta contra a corrupção”, “na defesa de uma Europa com fronteiras e não com uma imigração completamente descontrolada, numa Europa com política de segurança comum forte e não fraca”, Ventura focou-se nas funções do presidente do Conselho Europeu, designadamente no que toca a defesa. E recordou que, em Portugal, “houve grandes embates na Assembleia da República entre direita e esquerda” em questões de segurança e justiça, o que levou o presidente do Chega a concluir que é um “contrassenso que partidos antissocialistas, como os liberais e os sociais-democratas, hoje possam estar a apoiar Costa”.

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“Não o deixarei de dizer só porque António Costa é português. A Europa, com António Costa e com Ursula von der Leyen, vai ficar ainda pior do que já estava. António Costa tem uma visão errada em termos de combate à corrupção, em termos de segurança, em termos de justiça e em termos de política diplomática”, atirou.

Além de reiterar que o Chega não apoiará António Costa, Ventura saudou também o facto de Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana, “também o ter dito de forma muito clara”. “O grupo do ID não apoiará e rejeitará firmemente a indicação” para o Conselho Europeu, garantiu o presidente do Chega. Ainda assim, independentemente da posição política, Ventura disse que “a nível pessoal saúda António Costa” e descreveu o momento como uma “vitória” para o ex-primeiro-ministro.

O PCP defendeu ser “uma ilusão” que o presidente do Conselho Europeu, como os outros cargos dos órgãos institucionais da União Europeia, altere o essencial do seu “rumo neoliberal, federalista e militarista”.

“A decisão sobre a distribuição de cargos dos órgãos institucionais da União Europeia é determinada pelo que esta representa enquanto projeto político, comandado pelas grandes potências europeias e ao serviço dos interesses do capital transnacional, e pela garantia de que o rumo neoliberal, federalista e militarista do processo de integração capitalista prossegue e se aprofunda”, defenderam os comunistas, em comunicado.

Numa nota divulgada um dia depois de António Costa ter sido eleito presidente do Conselho Europeu, o PCP declara que “não se trata de uma mera apreciação” sobre a indicação do ex-primeiro-ministro português para esse cargo.

“É uma ilusão admitir que o titular de qualquer um dos principais cargos em distribuição, independentemente da personalidade que o ocupe ou da família política a que pertença entre as que os dividem entre si, altere o essencial desse processo e projeto”, sustentam.

Já Inês Sousa Real considerou que esta é uma oportunidade que “não deve ser desperdiçada”, alertando para os “muitos desafios” da Europa nos próximos anos. “Portugal tem estado, através deste tipo de eleições, seja na ONU, seja também noutro tipo de cargos, a levar aquilo que é não só a nossa visão, mas também as preocupações e a oportunidade de participarmos da decisão a nível europeu ou internacional, o que pode garantir aquilo que seja o progresso ao nível das causas e preocupações que representamos”, defendeu a deputada única do PAN.

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, felicitou, através de um comunicado, a eleição e destacou a experiência do ex-primeiro-ministro, dizendo que vai ter um “enorme desafio” na liderança da instituição.