Os idosos em Portugal mantêm-se economicamente ativos numa proporção superior à média da União Europeia, mas viajam menos e participam pouco em atividades físicas, recreativas ou culturais, segundo um relatório do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (Insa).

O relatório “Envelhecimento em Saúde: Caracterização da saúde da população idosa em Portugal”, nesta segunda-feira divulgado, apresenta informação de variadas fontes nacionais e europeias, de inquéritos de saúde e de estudos nacionais até dezembro de 2021.

Os indicadores demográficos mostram que Portugal, tal como os restantes países da União Europeia, tem vindo a apresentar um aumento da população com 60 e mais anos, sendo dos países onde o crescimento da população acima dos 80 anos é mais evidente.

“Com diferenças por indicadores, Portugal apresentava um melhor posicionamento relativamente ao emprego, sugerindo que a população idosa se mantinha economicamente ativa”, refere o relatório, citando dados do Eurostat publicados em 2020, referentes a 2015, que mostram que cerca de 16% dos idosos em Portugal se mantinham economicamente ativos (9,5% UE-28).

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Por outro lado, a proporção de pessoas idosas que viajavam e que utilizavam a internet era de 32% e 26% respetivamente, ambos os valores inferiores aos observados na UE28 (48,8% e 45%, respetivamente).

A informação recolhida indica que a população idosa apresentava “particular vulnerabilidade” face a alguns aspetos sociais e económicos, como a situação de coabitação, escolaridade e nível económico, com uma participação social inferior à média europeia.

Em 2020, cerca de 23% da população entre os 65 e os 74 anos vivia sozinha, e as mulheres idosas surgiram como um grupo particularmente vulnerável.

Vivem mais tempo, mas com pior saúde, e estão em maior risco de pobreza e de exclusão social, indica o relatório, referindo que em 2021 81,4% das pensões de sobrevivência e 70,3% do Complemento Solidário para Idosos foram pagos a mulheres.

Considerando o nível de escolaridade completo mais elevado, as estimativas em 2020 indicavam que a grande maioria da população idosa tinha até ao 1º ciclo de escolaridade obrigatória (16,9% sem escolaridade e 51,6% com 1º ciclo) e apenas 9,1% tinha o ensino superior.

Menos de metade desta população referia participar em atividades culturais ou recreativas e a sua grande maioria apresentava níveis baixos de atividade física.

Apesar de a nível dos consumos, a grande maioria não fumar ou nunca ter fumado (95,4%), esta população apresentava consumos medianos elevados de álcool, particularmente nos homens.

De uma forma geral, a autoapreciação do estado de saúde era positiva, com cerca de um terço a referir ter uma saúde má ou muito má.

Em termos de nutrição, os dados indicam que apesar de em 2019 esta população apresentar um consumo elevado de frutas e vegetais, uma proporção significativa apresentava excesso de peso (64,9%), num valor superior à média europeia (54,55%).

O documento também aponta que as doenças não transmissíveis são as que mais contribuíram para a mortalidade na população com 65 e mais anos em Portugal, ainda assim observando-se um decréscimo entre 2011 e 2016.

Os autores do trabalho defendem que “para a promoção de um envelhecimento com melhor saúde, menos incapacidades e melhor qualidade de vida, há que reconhecer os aspetos com maior fragilidade para a população idosa portuguesa, nomeadamente os que envolvem estruturas socioculturais, políticas, modos de organização social e económica e relações entre os diversos intervenientes”.