O presidente do Chega acusou esta segunda-feira o PS de fazer “jogadas de bastidores” no que toca ao Orçamento do Estado para 2025, contrapondo que, com o seu partido, “é tudo às claras”, e exigiu medidas para os bombeiros.

“Vamos continuar, como estamos a fazer hoje, a apontar ao Governo caminhos que para nós são essenciais, ou seja, questões que para nós são decisivas, e os bombeiros é uma delas. Por isso é que também decidimos vir aqui hoje, para que o Governo saiba que connosco é tudo às claras, não há, ao contrário do que parece querer fazer Pedro Nuno Santo, não há aqui jogadas de bastidores, nem exigências de bastidores”, afirmou.

O líder do Chega falava aos jornalistas antes de uma visita à Liga dos Bombeiros Portugueses, em Lisboa.

“Se querem uma negociação franca e aberta, é isso que pretendemos, se quiserem arranjinhos com o PS nos bastidores também o podem fazer, sabemos que também pode ser aprovado assim. Agora, não é a boa forma de fazer política e também deixo o alerta ao senhor primeiro-ministro, os negócios com o PS costumam sair furados, mas se o senhor primeiro-ministro quiser arriscar e quiser ir por aí, enfim, não diga que nós não avisámos”, defendeu.

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Ventura disse que o Chega participa “de boa-fé” nas negociações com o Governo em torno do Orçamento do Estado para o próximo ano e salientou que aquilo que o partido tem “exigido em matéria de habitação, em matéria de bombeiros, em matéria de forças de segurança, é às claras”, e é sinalizado como “essencial”.

Antes da visita à Liga dos Bombeiros, o presidente do Chega deixou mais uma exigência: “Cabe-nos a nós, até porque somos decisivos para a aprovação do Orçamento de Estado, deixar já a garantia que nós vamos exigir no Orçamento de Estado o aumento do pagamento do valor hora aos bombeiros e vamos exigir também, embora não seja um documento orçamental, a definição, em diploma próprio, de uma carreira para os bombeiros”.

André Ventura considerou que é tempo “de voltar a apelar ao Governo para que suba o valor hora pago aos bombeiros” e que “aceite sentar-se à mesa com os partidos e com os bombeiros para definir uma carreira para estes homens e mulheres, que muitos deles se voluntariam, arriscam a sua vida e sentem-se completamente marginais dentro do sistema de carreiras do Estado”.

Ventura afirmou que “os valores que são pagos por hora aos bombeiros durante as épocas de incêndios são valores muito abaixo daquilo que é praticado na Europa” e alertou também para a falta de investimento em equipamentos.

“E agora estamos a chegar a uma altura em que nos recordamos muitas vezes — porque alguns esquecem durante outras alturas — que os bombeiros são decisivos e fundamentais na proteção das pessoas, na proteção dos bens, na proteção das terras”, salientou.

O líder do Chega considerou que é a oportunidade de “resolver problemas fundamentais”, mas ressalvou que “não se vai resolver tudo de uma vez”.

Ventura disse que “este Governo não se empenhou muito na prevenção dos incêndios em Portugal”, mas ressalvou que “entrou em funções em março e o tempo também não foi o tempo mais quente de sempre, mesmo em meses quentes”.

Na ocasião, o presidente do Chega quis falar também sobre habitação e defendeu que o problema não será resolvido enquanto não houver “uma política que efetivamente baixe a prestação da casa das pessoas”.

“Nós não podemos estar sempre só preocupados em fazer novas casas do Estado para dar aos mesmos de sempre, nós temos que começar, por uma vez na vida, a olhar para aqueles que são a classe média portuguesa e que não conseguem, neste momento, pagar a casa com prestações elevadíssimas”, sustentou, insistindo na proposta de que “a taxa sobre os bancos pudesse reverter para descer as de crédito à habitação”.