O vice-presidente da JSD apresentou esta segunda-feira a sua demissão e apelou a novas eleições na estrutura para permitir à ‘jota’ social-democrata “relegitimar” a sua posição e restabelecer “confiança com os jovens”.

Numa carta dirigida aos órgãos do partido, Bruno Bessa, que é também líder da distrital do Porto da juventude partidária, disse ver-se “forçado a tomar a decisão” de se demitir, tendo em conta o “impacto na credibilidade e reputação” da JSD das “notícias vindas público que envolveram a família do presidente da estrutura”.

Para o jovem social-democrata, as notícias sobre o líder da JSD “devem merecer uma clara, transparente e perentória resposta política”, e que essa resposta deve passar por “devolver o poder às bases” da JSD “e permitir que os militantes se pronunciem”.

“Permitindo à JSD relegitimar a sua posição junto da sociedade portuguesa e restabelecer a relação de confiança com os jovens. É absolutamente crítico ter uma JSD sem mácula”, sublinhou.

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O vice-presidente demissionário afirmou ter partilhado esta posição com a totalidade da comissão política nacional e o presidente da JSD, João Pedro Louro, mas que “esta solução não mereceu o acolhimento desta equipa, nem do seu presidente”.

“Tem toda a legitimidade para não acolher as minhas sugestões, bem como para entender que o dano reputacional e político em apreço deve ser dirimido em exclusivo pelo visado no foro privado”, acrescentou.

De acordo com o também presidente da Distrital do Porto da JSD, a apresentação da solução de novas eleições resultou depois numa “descaracterização deliberada” do seu “bom nome” e no afastamento dos “processos de tomada de decisão” na JSD.

“Desconheço qual o rumo definido para o presente e futuro da nossa estrutura, facto esse que me impossibilita de cumprir o mandato que assumi com os militantes da JSD”,

A 12 de julho, uma reportagem do Correio da Manhã dava conta de que o avô e o tio do atual presidente da JSD viveriam há décadas rodeados de lixo em casa, e que Pedro Louro, pai do líder da ‘jota’ e então presidente do PSD-Alcochete — cargo do qual se demitiu após a publicação da reportagem —, era cuidador do pai há vários anos e geria os rendimentos do idoso.

João Pedro Louro já se pronunciou sobre a notícia, através de um vídeo publicado nas redes sociais, revelando-se “chocado” com a situação, e afirmou ter tido conhecimento do caso através da reportagem e que se preocupou em retirar o avô para um lugar “seguro e digno”, mas que nada poderia fazer em relação ao tio por ser “maior de idade e independente”.

Há uma petição a decorrer que conta, até agora, com 117 assinaturas e o ex-presidente do PSD, Luís Filipe Menezes, já veio pedir a demissão de João Pedro Louro, alegando que quem trata assim “os seus mais velhos” não pode “ser dirigente significativo de um partido que se diz nacional, humanista social-democrata e que até governa o país”.

João Pedro Louro foi eleito há menos de um mês como 15.º presidente da ‘jota’ com 81% dos votos (337 votos), 16% em branco (66) e 3% nulos (14 votos).