A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou esta terça-feira a Estratégia da Transparência e Prevenção da Corrupção da Câmara Municipal de Lisboa, com a vereadora com este pelouro a sublinhar que a proposta vai “muito além” daquilo que é pedido legalmente.

Em reunião plenária da assembleia, a proposta foi aprovada por maioria, com a abstenção do PEV e os votos a favor dos restantes deputados municipais.

Na apresentação da estratégia, a vereadora da Transparência e Prevenção da Corrupção, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), indicou que o documento foi construído com a participação de todas as unidades orgânicas da câmara, “envolvendo-as, responsabilizando-as e sensibilizando-as para o tema desde o início”.

É muito importante que todos os trabalhadores, 10 mil trabalhadores da câmara municipal, estejam envolvidos num tema que é a transparência e prevenção da corrupção”, indicou Joana Almeida.

“Com esta estratégia, vamos muito além daquilo que nos é pedido legalmente no âmbito da transparência e prevenção da corrupção, e é uma grande aposta deste executivo”, reforçou.

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Sobreda Antunes, do PEV, questionou se a estratégia “será mesmo transparente”, criticando a falta de informação sobre as propostas aprovadas pela câmara nos canais de comunicação do município.

Do Chega, Bruno Mascarenhas disse que a proposta tem “fragilidades”, apontando a ausência de informação sobre conflito de interesses entre dirigentes camarários e fornecedores e criticando a incapacidade de a câmara receber as pessoas nas reuniões públicas.

O deputado do Chega questionou ainda sobre o que está previsto para situações como o da diretora do Departamento de Licenciamento Urbanístico na Câmara de Lisboa, Luísa Aparício, acusada de um crime de corrupção passiva e outro de prevaricação, alegadamente cometidos quando desempenhou semelhantes funções no município de Vila Nova de Gaia, acusação que se insere na Operação Babel.

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Miguel Ferreira da Silva, da Iniciativa Liberal (IL), elogiou o processo de construção da Estratégia da Transparência e Prevenção da Corrupção, ressalvando que “tem algumas fragilidades e poderia ter ido mais longe”, mas considerando que “é um avanço face à situação atual”.

O deputado da IL procurou saber sobre a criação do Provedor do Munícipe de Lisboa e os motivos para que não se avance com essa medida, ao que a vereadora respondeu que “não é, neste momento, uma prioridade”.

A responsável pelo pelouro da Transparência e Prevenção da Corrupção sublinhou que “todo o foco vai para temas estruturais”, indicando que “o ponto de partida era muito mau”.

“Não há transparência. Há muita burocracia. Temos de primeiro arrumar a casa e pôr o sistema a funcionar bem”, frisou Joana Almeida.

Neste âmbito, a autarquia criou o Portal da Transparência e o Canal de Denúncias, apontou a vereadora, referindo que a estratégia pretende “agilizar e tornar transparente toda a informação”.

Foram definidos três eixos estratégicos — pessoas, organização e cidade — e três pilares de intervenção — prevenção e controlo, participação e prestação de contas –, estando a estratégia organizada em torno de nove objetivos, com 51 medidas, inclusive desenvolver competências de integridade na liderança, garantir a transparência nos procedimentos de contratação pública e consolidar a função de gestor de processo no urbanismo.

Também por proposta da câmara, a assembleia viabilizou a versão final do Relatório sobre o Estado do Ordenamento do Território (REOT) de Lisboa, com a abstenção de PEV, PCP e PAN, e os votos a favor BE, Livre, dois deputados independentes dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), PS, PSD, IL, MPT, PPM, Aliança, CDS-PP, Chega e deputada não inscrita Margarida Penedo (que se desfiliou do CDS).

Sobre o REOT, Joana Almeida disse que é “um trabalho exaustivo” e adiantou que os próximos passos passam pela construção da visão da estratégia Lisboa 2040, que servirá para a revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), de forma “amplamente participada”.