Um total de 1.812 incêndios rurais foram registados entre 1 de janeiro e 30 de junho deste ano, causando 2.964 hectares de área ardida, sendo o número de fogos mais reduzido desde 2014, indica um relatório divulgado esta quinta-feira.

De acordo com o primeiro relatório provisório de incêndios rurais do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), dos 2.964 hectares de área ardida registados, 577 hectares são de povoamentos, 1.664 são de matos e 723 agrícolas.

Segundo os dados recolhidos, comparando os valores do ano de 2024 com o histórico dos 10 anos anteriores, assinala-se que se registaram menos 60% de incêndios rurais e menos 80% de área ardida relativamente à média anual do período entre 2014 e 2023.

“O ano de 2024 apresenta, até 30 de junho, o valor mais reduzido em número de incêndios e o segundo valor mais reduzido de área ardida, desde 2014”, salienta o relatório.

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A distribuição do número de incêndios rurais por classe de área ardida evidencia, por outro lado, que em 2024 os incêndios com área ardida inferior a 1 hectare são os mais frequentes (83% do total de incêndios rurais). Quanto a incêndios de maior dimensão, assinala-se a ocorrência de três incêndios com área ardida entre 100 e 500 hectares.

“Consideram-se grandes incêndios sempre que a área ardida total seja igual ou superior a 100 hectares. Até 30 de junho de 2024 registaram-se três incêndios enquadrados nesta categoria, que resultaram em 615 hectares de área ardida, cerca de 21% do total da área ardida”, precisa o relatório.

Relativamente às causas, o relatório refere que dos 1.812 incêndios rurais verificados em 2024, 1.254 foram investigados e têm o processo de averiguação de causas concluído (69% do número total de incêndios – responsáveis por 78% da área total ardida).

“Destes, a investigação permitiu a atribuição de uma causa para 969 incêndios (77% dos incêndios investigados – responsáveis por 66% da área total ardida)”, diz o documento, notando que, até à data, as causas mais frequentes em 2024 são as queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (20%) e incendiarismo — e imputáveis (19%).

“Conjuntamente, as várias tipologias de queimas e queimadas representam 57% do total das causas apuradas. Os reacendimentos representam 3% do total das causas apuradas, um valor inferior face à média dos 10 anos anteriores (8%)”, menciona o relatório.

Da análise por distrito, destacam-se com maior número de incêndios, e por ordem decrescente, os distritos de Porto (278), Braga (186) e Viana do Castelo (186).

“Em qualquer dos casos, os incêndios são maioritariamente de reduzida dimensão (não ultrapassam 1 hectare de área ardida). No caso específico do NUTS3 da Área Metropolitana do Porto a percentagem de incêndios com menos de 1 ha de área ardida é de 91%”, sublinha o relatório.

Em contraponto, o distrito mais afetado, no que concerne à área ardida, é Viana do Castelo com 657 hectares, cerca de 22% da área total ardida, seguido de Braga com 418 hectares (14% do total) e de Évora com 392 hectares (13% do total).

Paralelamente, os concelhos que apresentam maior número de incêndios localizam-se todos a norte do Tejo, à exceção do concelho de Almada, e caracterizam-se por elevada densidade populacional, presença de grandes aglomerados urbanos ou utilização tradicional do fogo na gestão agroflorestal.

“O relatório diz que a área ardida nos 20 concelhos mais afetados representa 74% da área total, sobressaindo aqui o concelho de Reguengos de Monsaraz. Destacam-se ainda os concelhos de Montalegre, Arcos de Valdevez, Aljustrel, Arouca e Melgaço. O número total de ocorrências nestes 20 concelhos representa 21% do total nacional.

O relatório destaca ainda que no presente ano e até à data, junho é o mês que apresenta maior número de incêndios rurais, com um total de 660 incêndios, o que corresponde a 36% do número total registado. Até à data, junho é também o mês que apresenta maior área ardida, com 1.041 hectares (35% do total registado).