Os hospitais públicos gastaram mais de 1.116 milhões de euros com medicamentos no primeiro semestre do ano, um aumento de 12,5% relativamente ao mesmo período do ano passado, quando esta despesa atingiu o valor mais alto da última década.

Segundo dados do Infarmed divulgados esta terça-feira, os hospitais gastaram mais 126,5 milhões de euros entre janeiro e junho deste ano do que no período homólogo.

Em todo o ano passado, as despesas dos hospitais públicos com medicamentos atingiu os 1.959 milhões de euros (MEuro), o valor mais alto da última década.

O relatório de monitorização do mercado de medicamentos referente ao âmbito hospitalar indica que, por área de prestação, a consulta externa e produtos cedidos ao exterior foi a que teve maior peso na despesa (43,9%), com mais de 490 MEuro, uma subida de 11,6% relativamente ao período homólogo.

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Segue-se o hospital de dia, com uma despesa superior a 424 MEuro em medicamentos (+14,5%), o internamento, com mais de 96 MEuro (+3,1%), e o bloco operatório, com mais de 17 MEuro (+23%).

A área de prestação onde mais subiu a despesa com medicamentos foi a dos cuidados de saúde primários, onde o valor aumentou mais de 300%, ultrapassando os 15 milhões de euros.

Por unidade de saúde, a Unidade Local de Saúde de Santa Maria foi a que mais gastou em medicamentos no primeiro semestre do ano, com mais de 133 milhões de euros, seguida pela ULS de São José, com 99,2 milhões de euros, a ULS de Coimbra (98,7MEuro) e a ULS de São João (83,9MEuro).

Por área terapêutica, a Oncologia é a que assume o maior peso (33%), com uma despesa superior a 368 MEuro, uma subida de 16,6% (mais 52,5MEuro) relativamente ao primeiro semestre do ano passado, seguida da área do VIH, com mais de 121 MEuro (+11,9%, +13MEuro).

Por classe terapêutica, a dos medicamentos imunomoduladores, que atuam no sistema imunológico, foi a que teve maiores encargos (389,8 MEuro), seguida da dos citotóxicos, usados na oncologia para destruir células tumorais (137,2 MEuro).

Por substância ativa, a que teve maior aumento da despesa nos hospitais foi a pembrolizumab, um anticorpo usado na imunoterapia contra o cancro, cuja despesa cresceu 42% no primeiro semestre do ano, ultrapassando os 52MEuro. Nos cuidados de saúde primários foi a vacina contra o meningococo, cujo encargo disparou 319,4%, ultrapassando os 3,9 milhões de euros.

O número de unidades consumidas nas unidades do SNS mostra uma tendência de crescimento, com mais 9,3% nos primeiros seis meses do ano, à semelhança do número de embalagens de medicamentos dispensadas no mercado comparticipado de ambulatório (+3,6%).

Os dados do Infarmed indicam ainda que a utilização de medicamentos biossimilares em meio hospitalar atingiu os 77,5% no primeiro semestre do ano, o valor mais elevado registado em 2024. As substâncias ativas Filgrastim, Infliximab e Bevacizumab ocuparam o top 3, ao atingirem quotas de utilização superiores a 90%.