O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, cuja reeleição é contestada pela oposição, que reivindica a vitória, anunciou que a rede social X (antigo Twitter) vai ser “retirada da circulação” durante dez dias.

A declaração de Maduro foi feita na quinta-feira, durante uma manifestação de apoiantes na capital, Caracas.

A agência que gere as telecomunicações “decidiu retirar a rede social X durante dez dias da circulação na Venezuela”, disse Maduro, sublinhando que a decisão resultou de uma sua proposta.

“Ninguém me vai calar, vou enfrentar a espionagem do império tecnológico. Elon Musk é o proprietário da X e violou todas as regras da rede social Twitter, agora X, e violou-as ao incitar ao ódio e ao fascismo”, continuou Maduro, que acusa regularmente o bilionário norte-americano de conspirar contra ele.

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Maduro não especificou que forma assumiria esta “retirada de circulação”.

As autoridades venezuelanas (personalidades, ministérios, agências governamentais) estão presentes nas redes sociais, onde comunicam amplamente.

Na segunda-feira, o Presidente anunciou que se retirava da plataforma de mensagens Whatsapp, ao mesmo tempo que criticava as redes sociais por tentarem um “golpe ciberfascista criminoso”, na sequência da contestação à sua eleição.

Na sexta-feira, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela ratificou a vitória de Maduro com 52% dos votos, mas não tornou pública a contagem exata dos votos nem as atas das assembleias de voto, alegando que o sistema tinha sido pirateado.

De acordo com a oposição, que publicou as atas obtidas pelos seus agentes de voto — cuja validade é rejeitada por Maduro — Edmundo Gonzalez Urrutia, que substituiu a líder da oposição Maria Corina Machado — declarada inelegível —, ganhou as eleições com 67% dos votos.

A oposição e muitos observadores acreditam que a pirataria informática do CNE é uma alegação falsa do governo para evitar ter de publicar as atas das mesas de voto.

Maduro e as autoridades acusaram repetidamente Musk de envolvimento no ataque informático ao CNE.

Os distúrbios que se seguiram à proclamação da vitória do presidente causaram 24 mortos desde 28 de julho, de acordo com um balanço atualizado, divulgado na terça-feira por organizações de direitos humanos, incluindo a divisão das Américas da Human Rights Watch.

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