O ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump descreveu a vice-presidente Kamala Harris, candidata pelo Partido Democrata à Casa Branca, como “uma radical liberal”. O argumento não é novo e tem sido repetido desde que Harris substitui o atual líder norte-americano na corrida às eleições.

“Ela deu cabo da economia, deu cabo das fronteiras e do mundo, para falar francamente. É muito destrutiva para o mundo inteiro, porque o mundo pauta-se muito por nós. Ela destrói tudo aquilo em que toca”, sublinhou esta quinta-feira. E acrescentou: “Se ela vencer, o vosso país e as vossas finanças nunca vão recuperar.”

Trump falava numa conferência de imprensa em Bedminster, Nova Jérsia, seguindo-se por um guião, algo que é raro fazer. Numa intervenção de meia hora, antes de aceitar perguntas dos jornalistas, focou-se, sem surpresa, no tema da economia. Uma série de produtos de supermercado que momentos antes tinham sido dispostos numa mesa ao lado do púlpito onde iria falar já tinham sido interpretados como um sinal de que iria focar-se em questões como a inflação.

O antigo governante alegou que as políticas económicas de Harris “falharam totalmente e provocaram uma catástrofe no país”. “Não têm de imaginar o que a presidência de Kamala Harris será porque já estamos a viver um verdadeiro pesadelo“, afirmou. Repetiu também o argumento de que se atingiu um valor “recorde da inflação” sob a administração de Biden com Harris como vice-presidente e prometeu baixar os preços. A acusação foi, no entanto, rapidamente contestada, com a imprensa norte-americana a contextualizar que a inflação estava na ordem dos 2,9%, em julho, muito longe do recorde que atingiu em 1920 de 23,7%.

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Apesar do foco na economia, pelo meio Donald Trump também dedicou algum tempo a outros temas. Voltou a criticar a forma como a vice-presidente norte-americana geriu as fronteiras nacionais, repetindo o argumento de que estão a entrar milhares de criminosos, traficantes de droga, assassinos e doentes de instituições de saúde mental.

Também falou brevemente sobre a desistência de Joe Biden da corrida à Casa Branca, afirmando que a atitude do Partido Democrata para com o Presidente foi “vergonhosa”. “É uma ameaça à democracia, foi um golpe vindo de pessoas que o queriam fora [das eleições]”, atirou. Ainda assim, a propósito da mudança considerou que Harris será mais fácil de derrotar nas urnas do que Joe Biden.

Em matéria de política externa, Trump falou sobre a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente. “Nenhuma destas coisas teriam acontecido se eu fosse Presidente”, sublinhou — um argumento que já tem vindo a repetir várias vezes. Também falou especificamente sobre o Irão, que prometeu retaliar contra Israel na sequência da morte de um líder do Hamas que se encontrava em Teerão, mas não deixou clara a sua posição: “Vamos ser amigáveis, espero eu, com o Irão. Talvez, talvez não.”

Na fase de perguntas, Donald Trump ainda disse que tinha “direito a fazer ataques pessoais” a Harris. “Estou muito zangado com ela pela forma como usou o sistema judicial como uma arma contra mim e outras pessoas”, criticou. “Não tenho muito respeito por ela, não tenho muito respeito pela sua inteligência e acho que ela será uma presidente terrível”, acrescentou.